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ÓPERA
Evento apresentará "Magdalena", de Villa-Lobos, escrito para a Broadway
Wagner abre festival de Manaus
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O 7º Festival Amazonas de Ópera será aberto amanhã, em Manaus, com a primeira récita de "Siegfried", de Richard Wagner
(1813-83). No sábado estréia
"Magdalena", musical de Heitor
Villa-Lobos (1887-1959), escrito
para a Broadway no final dos anos
40 e nunca produzido no Brasil.
Serão também encenadas nas
próximas semanas as óperas italianas "La Cenerentola" (Cinderela), de Gioacchino Rossini (1792-1868), e "I Pagliacci", de Ruggiero
Leoncavallo (1858-1919).
Reunindo grandes cantores líricos brasileiros, o festival tem a direção musical de Luiz Fernando Malheiro, 44, que é também o titular da Amazonas Filarmônica.
No ano passado, Malheiro fez
em Manaus "As Valquírias", iniciando a primeira montagem brasileira, ao menos nos últimos 80
anos, de "O Anel dos Nibelungos", ciclo monumental de quatro
óperas de Wagner.
Leia abaixo trechos da entrevista do maestro concedida à Folha.
Folha - O que Wagner e Villa-Lobos têm em comum para estarem
num mesmo festival?
Luiz Fernando Malheiro - O festival tem explorado o repertório
mais neglicenciado e procurado
aproveitar o melhor de nossos
cantores e artistas. São duas
orientações nossas. Este é o quinto festival que faço, agora com a
diretriz -do novo governo do
Amazonas- de montar espetáculos fora de Manaus e de entregar cenários, figurinos e adereços ao pessoal técnico daqui mesmo.
Sobre Wagner, com "Siegfried"
continuamos o ciclo da "Tetralogia", que terminaremos em 2005.
Quanto ao Villa, é o mesmo espírito que já nos levou a fazer "O
Guarani" e o "Condor", de Carlos
Gomes. "Magdalena" é inédita até
hoje no Brasil.
Folha - É esquisito inexistir curiosidade para fazê-la antes.
Malheiro - Esse projeto da
Broadway foi curioso. Foram três
os musicais. Um deles utilizou
músicas do Borodin, outro, de
Grieg. Os dois compositores já estavam mortos. E o Villa, que ainda estava vivo, usou músicas que
já havia composto. Fez com seu
próprio repertório o que haviam
feito com Borodin e Grieg. Deu
uma musicalidade especial.
Folha - Vejamos a "Cenerentola".
Ela é deliciosa de ouvir, mas dificílima de fazer, não é?
Malheiro - Em termos de Rossini, eu gosto muito mais dela do
que de "O Barbeiro de Sevilha".
Ela é muito mais orgânica, mais
equilibrada. Em "O Barbeiro",
por exemplo, nenhum tema da
abertura reaparece no desenrolar
da ópera.
A "Cenerentola" é também um
trabalho de grande beleza formal,
que nunca foi feito no Brasil de
forma completa. Há, por exemplo, um coro de abertura do segundo ato que permaneceu perdido por muito tempo. Há árias
da Clorinda e do Alidoro que são
sempre cortadas, até pelas dificuldades vocais que apresentam.
Folha - Qual será a programação
do festival para o ano que vem?
Malheiro - Montaremos "O Crepúsculo dos Deuses" (Wagner),
"Ariadne" (Richard Strauss), "Medéa" (Cherubini) e, por fim,
uma "Traviata" (Verdi).
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