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Coleção Folha traz "Doutor Jivago"
Clássico de David Lean antecipou era das megaproduções multinacionais
Filme tem o egípcio Omar Sharif no papel principal, marca a estreia de Geraldine Chaplin e tem a então jovem Julie Christie no elenco
DA REPORTAGEM LOCAL
Fala-se muito da globalização do cinema e da ampliação
dos filmes de características
multinacionais. Mas o fato é
que, bem antes do processo de
globalização, o cinema já antecipava as associações de capitais e talentos de países diferentes para viabilizar projetos.
"Doutor Jivago", sexto volume da Coleção Folha Clássicos
do Cinema, talvez seja um dos
exemplos mais interessantes
disso. Sua gênese é basicamente europeia: um romance russo
(de Boris Pasternak), um produtor italiano (Carlo Ponti) e
um diretor inglês (David Lean).
A história é um épico que exigiu um orçamento elevado para
a época: US$ 11 milhões. Foi
preciso juntar esforços para
viabilizar o filme, e Carlo Ponti,
com sócios europeus, convenceu a Metro Goldwin Mayer,
um grande estúdio americano,
a cofinanciar a produção e ficar
com os direitos de distribuição
mundial. A partir daí, um elenco multinacional foi escalado.
O papel principal ficou com o
egípcio Omar Sharif, e, para viver a heroína Lara, amante de
Jivago, foi escolhida a jovem e
bela inglesa nascida na Índia
Julie Christie. "Doutor Jivago"
ainda marca a estreia no cinema de Geraldine Chaplin -filha de Charles Chaplin, descoberta quando dançava no Royal
Ballet, de Londres- e reúne
um time de pesos-pesados entre os coadjuvantes, como
Ralph Richardson, Tom Courtenay, Siobhan McKenna, Rod
Steiger e Klaus Kinski.
A variedade de elementos é
orquestrada com maestria por
David Lean, como explica o colunista da Folha Jorge Coli, no
comentário incluído no livro
desta coleção: "O orçamento
milionário, as locações espalhadas pelo mundo não impediram David Lean de controlar
as mais ínfimas sutilezas dessa
imensa máquina. Fixou, no filme, sua força pictórica, em que
as experiências individuais e
coletivas da história se desenrolam eloquentes, tensas".
Já o texto do crítico da Folha
Sérgio Rizzo situa a produção
historicamente, descrevendo o
caminho que fez deste filme
um bom exemplo de uma produção realizada em plena transição da chamada "era dos produtores" para a era dos "filmes
de autor".
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