São Paulo, Sexta-feira, 23 de Abril de 1999
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Parque sente a morte de tatus

da Reportagem Local

O Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí, foi criado em 1979 com o objetivo de proteger um patrimônio inestimável.
Em cerca de 130 mil hectares, o parque abriga cerca de 400 sítios arqueológicos pré-históricos, com galerias de vários andares que conservam pinturas e gravuras rupestres que datam de mais de 25 mil anos.
Essas inscrições são indícios prováveis da mais antiga presença humana na América do Sul, que dataria de cerca de 50 mil anos.
O parque também se destaca por suas belezas naturais, como a formação rochosa conhecida como Pedra Furada, um paredão de 60 m de altura com um buraco de 15 m de diâmetro.
Patrimônio histórico da humanidade desde 1991, o parque chegou a figurar na lista da World Monuments Fund, indicado por Anne-Marie Pessis, diretora da Fundação Museu do Homem Americano, entidade científica criada em 1986 para proteger o parque.
Segundo a diretora, o próprio Parque Nacional da Serra da Capivara não solicitou a inclusão na lista, pois a situação de perigo em que ele se encontrava foi controlada.
"Solicitamos a inclusão do parque em 1996 apresentando um diagnóstico da situação em que o parque se encontrava. Mandamos filmes, slides e pareceres técnicos que foram aprovados. A presença do parque na lista da WMF não trouxe nenhum retorno financeiro, mas serviu como um aval para o trabalho que desenvolvíamos aqui", disse a diretora.
"Felizmente, problemas como incêndios e vandalismos foram controlados e por isso não foi necessário reapresentar o parque", complementou.
Segundo a diretora, a população local já tem consciência de que o local precisa ser preservado e por isso não existem mais casos de vandalismos.
Curiosamente, o maior problema que o parque enfrenta agora, segundo a diretora, é a matança de tatus e tamanduás, animais que se alimentam de cupins e formigas, insetos que danificam os sítios.
"Os sítios arqueológicos estão protegidos. Mas agora temos problemas de caça predatória de tatus e tamanduás. Isso causa desequilíbrio ecológico no parque, pois provoca a proliferação de cupins e formigas, que danificam os sítios. Eles vão comendo tudo. Não sabem se são pinturas rupestres ou não", disse. (CF)


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