São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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MUNDO DE BACO

Nova adega realça o boom australiano

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Um elenco de vinhos concentrados, marcados por fruta intensa e modelados de acordo com as últimas tendências do paladar dos consumidores do planeta, continua garantindo o avanço dos goles da Austrália no mercado internacional. Para ter uma idéia, em 2001 as cantinas de lá exportaram cerca de 340 milhões de litros de vinho, mais do que o dobro do que vendiam ao mundo há apenas cinco anos.
No embalo, o país passou a integrar o time dos dez maiores produtores mundiais da bebida, superando Chile e Portugal. No Brasil, a chegada dos exemplares de uma nova vinícola daquelas bandas é sempre uma boa notícia.
A estreante é a Pepper Tree, uma adega localizada no Hunter Valley, ao noroeste de Sydney. Seus vinhos foram lançados em 1993 e, apesar de estar encravada no Hunter, elabora vinhos com uvas oriundas de diferentes regiões australianas. Chris Cameron é o enólogo da casa. Ele assina também os vinhos da Parker Estate (outra propriedade da Pepper Tree em Coonawarra), entre eles o First Growth, renomado (e delicioso) tinto de ponta do país.
Na cantina de Hunter, Cameron modela vinhos brancos com bom conteúdo de fruta e tintos densos e bem estruturados, mas que, afastando-se um pouco do estilo de alguns rubros do Novo Mundo, conservam certa elegância e são agradáveis para beber jovens.
Um rico chardonnay envelhecido em carvalho francês, de aroma intenso (cravo, coco, frutas em calda) e paladar vivaz, com boa acidez, o Reserve McLaren Vale 99 é o destaque da ala branca da firma. No departamento dos rubros há (não poderia faltar) um Shiraz, uva que se transformou em especialidade australiana, safra 99, de sabor atraente, marcado por fruta e especiaria, e também um "blend" de três variedades bordelesas, o cabernet/merlot/ franc (outro 99), mais complexo, combinando couro, compotas e madeira num paladar redondo.
No topo do novo desembarque, dois Reserve 98 (safra excelente na Austrália), um merlot e um cabernet sauvignon, ambos elaborados com uvas de Coonawarra. O merlot tem aroma intenso, marcado por toques de eucalipto, frutas vermelhas e carvalho, e paladar um pouco adstringente ainda, mas com boa textura e persistência. O cabernet, amadurecido por 18 meses em barris de carvalho americano, tem também boa estrutura e sabor atraente e longo que combina cassis com toques de especiaria e caramelo. Dois belos tintos para beber já ou guardar por três ou quatro anos na adega.



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