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MUNDO DE BACO
Nova adega realça o boom australiano
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Um elenco de vinhos concentrados, marcados por
fruta intensa e modelados de
acordo com as últimas tendências
do paladar dos consumidores do
planeta, continua garantindo o
avanço dos goles da Austrália no
mercado internacional. Para ter
uma idéia, em 2001 as cantinas de
lá exportaram cerca de 340 milhões de litros de vinho, mais do
que o dobro do que vendiam ao
mundo há apenas cinco anos.
No embalo, o país passou a integrar o time dos dez maiores produtores mundiais da bebida, superando Chile e Portugal. No Brasil, a chegada dos exemplares de
uma nova vinícola daquelas bandas é sempre uma boa notícia.
A estreante é a Pepper Tree,
uma adega localizada no Hunter
Valley, ao noroeste de Sydney.
Seus vinhos foram lançados em
1993 e, apesar de estar encravada
no Hunter, elabora vinhos com
uvas oriundas de diferentes regiões australianas. Chris Cameron é o enólogo da casa. Ele assina
também os vinhos da Parker Estate (outra propriedade da Pepper
Tree em Coonawarra), entre eles
o First Growth, renomado (e delicioso) tinto de ponta do país.
Na cantina de Hunter, Cameron
modela vinhos brancos com bom
conteúdo de fruta e tintos densos
e bem estruturados, mas que,
afastando-se um pouco do estilo
de alguns rubros do Novo Mundo, conservam certa elegância e
são agradáveis para beber jovens.
Um rico chardonnay envelhecido em carvalho francês, de aroma
intenso (cravo, coco, frutas em
calda) e paladar vivaz, com boa
acidez, o Reserve McLaren Vale
99 é o destaque da ala branca da
firma. No departamento dos rubros há (não poderia faltar) um
Shiraz, uva que se transformou
em especialidade australiana, safra 99, de sabor atraente, marcado
por fruta e especiaria, e também
um "blend" de três variedades
bordelesas, o cabernet/merlot/
franc (outro 99), mais complexo,
combinando couro, compotas e
madeira num paladar redondo.
No topo do novo desembarque,
dois Reserve 98 (safra excelente
na Austrália), um merlot e um cabernet sauvignon, ambos elaborados com uvas de Coonawarra.
O merlot tem aroma intenso,
marcado por toques de eucalipto,
frutas vermelhas e carvalho, e paladar um pouco adstringente ainda, mas com boa textura e persistência. O cabernet, amadurecido
por 18 meses em barris de carvalho americano, tem também boa
estrutura e sabor atraente e longo
que combina cassis com toques
de especiaria e caramelo. Dois belos tintos para beber já ou guardar
por três ou quatro anos na adega.
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