RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

A certa altura do show "Era Iluminada", Roberto Menescal diz, antes de arriscar a pré-bossa "Tereza da Praia" (Tom Jobim/Billy Blanco) com João Donato, que "reuniram no palco os piores cantores da MPB". É, está certo, ambos estariam mais confortáveis só ao violão e ao piano que de pé, frente a frente, entre uns e outros tons não alcançados. Mas taí o momento mais... bossa da apresentação gravada em fevereiro no Sesc Pompéia e exibida hoje na SescTV.
Se Menescal é melhor como violonista (e até como contador de histórias, na explanação sobre a origem de "O Barquinho") que como cantor, garante boa parte do repertório que se propõe a contar a trajetória do gênero. Os vocais têm defensoras mais apropriadas: sob direção do também violonista Filó Machado, as veteranas Miúcha, Joyce e Claudette Soares, e as jovens (não novatas) Adriana Godoy e Giana Viscardi.
Perdem-se minutos preciosos com causos manjados do apresentador Miele, que não resiste a imitar Tom, João Gilberto, Tim Maia e até um gago. Para compensar, há Claudette em "Se É Tarde, me Perdoa" (Carlos Lyra/Bôscoli), Donato (ao piano) em "Sambou... Sambou" (Donato/João Mello), Filó e Miúcha em "Samba em Prelúdio" (Baden Powell/Vinicius de Moraes)... E, claro, toda a safra "the best of" bossa.