São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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Vitória sem rosto

Cannes dá a "A Árvore da Vida", do recluso Terrence Malick, a Palma de Ouro; Brad Pitt, que o representava, não esteve presente à premiação

Lionel Cironneau/Associated Press
Kirsten Dunst recebe o prêmio de melhor atriz por "Melancholia" de Lars von Trier

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

Coube ao mais esperado filme da seleção, "A Árvore da Vida", o grande prêmio do 64ª Festival de Cannes.
O quinto longa do diretor americano Terrence Malick, interpretado e produzido por Brad Pitt, saiu da Croisette com a Palma de Ouro.
Há 32 anos, Malick ganhara, aqui, o prêmio de melhor diretor por "Dias de Paraíso". Depois disso, ficou 19 anos sem filmar. Desde então, nunca mais participou de entrevistas ou eventos.
"Quase todos nós achamos que esse era o grande filme", disse Robert de Niro, presidente do júri. "A decisão foi difícil, porque havia outros filmes muito bons. Mas Malick fez um filme incrível."
O memorável trabalho do cineasta, um poema visual sobre a perda e a fé, protagonizara, durante a projeção para a imprensa, uma guerra entre vaias e aplausos.
Era, porém, o grande favorito na bolsa de apostas dos críticos da revista "Le Film Français", que circulava diariamente no festival.
Enquanto aumentavam as expectativas em torno da premiação do filme, cresciam os rumores de que Malick, apesar de não ter participado de nenhuma cerimônia oficial, estava em Cannes.
No entanto nem mesmo Brad Pitt, rosto célebre do filme no festival, apareceu para receber o prêmio, entregue aos também produtores Bill Pohland e Sarah Green.

TRIER RECOMPENSADO
Também previsíveis foram os prêmios de melhor atriz e ator, entregues a Kirsten Dunst e Jean Dujardin.
Dunst teve, indiscutivelmente, no filme de Lars von Trier, seu grande papel no cinema. Ao subir ao palco, fez questão de agradecer ao diretor, que a colocou em "Melancholia". Antes, porém, respirou fundo e brincou: "Que semana esta!".
Quando Trier, na coletiva de imprensa sobre seu filme, declarou-se "nazista", a atriz deixou claro seu constrangimento. Como bom gato escaldado, ela foi a única dentre os premiados a não comparecer à conferência de imprensa que se seguiu à cerimônia de premiação.
Esta edição coroou também o destino de invictos dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne.
Todos os filmes deles que vieram a Cannes foram laureados - dois com a Palma de Ouro. Desta vez, receberam o Grande Prêmio do Júri, por "O Garoto de Bicicleta".
Os Dardenne dividiram o reconhecimento com o turco Nuri Bilge Ceylan, de "Era uma Vez em Anatólia", definido, por ele mesmo, como "longo, difícil".
O prêmio de direção ficou com o dinamarquês Nicolas Winding Refn, por "Drive".
Já "La Piel que Habito", que arrancara elogios para Pedro Almodóvar, foi esnobado pelo júri e teve de se contentar com o Prêmio da Juventude, outorgado pela imprensa estrangeira.


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