São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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CRÍTICA SHOW

Karaokê beatle de Paul funciona de novo

McCartney agrada em cheio ao público com set de velhos sucessos, mesmo com banda e arranjos só corretos

THALES DE MENEZES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Mais uma vez funcionou o gigantesco karaokê beatle, agora com sotaque carioca. Cerca de 45 mil pessoas cantaram juntas os sucessos quase cinquentões do sessentão Paul McCartney.
De volta ao Rio após 21 anos, o cantor fez ontem à noite no estádio Engenhão o show que todos esperavam, fiel ao set list tocado há duas semanas no Chile e no Peru.
A música de abertura, a beatle "Hello Goodbye", foi resgatada neste ano; ela não integrava o repertório dos shows realizados em Porto Alegre e em São Paulo, em novembro último.
A segunda música, uma versão matadora de "Jet", do Wings, levantou o estádio. Aí, "All My Loving", para empolgar os mais velhos.
Paul preserva a estratégia de colocar na parte inicial mais músicas de sua carreira solo. Conforme o show esquenta, mais temas dos Beatles aparecem.
Aos 68 anos, a disposição do cantor impressiona. Sempre simpático, ele lia em cartazes grudados no chão as brincadeiras com o público. E os fãs adoram qualquer coisa que ele diga.
Quando você é o mais competente criador de canções pop da história, fica fácil montar um show.
No quesito arranjo, Paul não arrisca nem um milímetro. Quem fechar os olhos pode se sentir em casa, ouvindo os discos dos Beatles.
O show é feito para arremessar o público na zona de conforto da memória afetiva. Nada condenável: os fãs adoram e pedem mais.
A banda é competente, mas nada brilhante. Tanto que o melhor momento instrumental do show é quando Paul pega a guitarra para brincar de Jimi Hendrix, tocando "Foxy Lady".
No entanto quem cresceu ouvindo Beatles e, até por causa disso, desenvolveu um gosto musical mais refinado poderia gostar de um Paul mais ousado no palco.
Mesmo na execução devastadora de "Live and Let Die", com as chamas e explosões no palco e os fogos de artifício saindo para fora do Engenhão, falta um Paul mais descontraído ao piano.
Parece que ele teme alterar as músicas, respeitando em demasia sua obra.
Quando os hits se acumulam na parte final, o público está totalmente rendido. "Paperback Writer", "A Day in the Life", "Hey Jude"... É a trilha para celebrar a noite diante de um homem que mudou a música e o comportamento do mundo.
No fechamento desta edição, Paul se encaminhava para o bis, com duas entradas e mais seis músicas dos Beatles programadas.
Hoje, faz seu segundo show no Rio, o último no Brasil. Se depender dos fãs, dos filhos dos fãs e dos netos dos fãs, ele ainda volta.



PAUL MCCARTNEY
AVALIAÇÃO bom



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