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MPB
Lucas Santtana aposta na força da web
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Lucas Santtana não tem mais
ilusões em relação ao mercado
do disco. "A indústria está ficando obsoleta", diz o compositor e cantor baiano, que lança
seu terceiro álbum, "3 Sessions
in a Greenhouse", já disponibilizando seis das nove faixas,
gratuitamente, na internet.
"A coisa mudou, e eu percebi
isso de maneira prática. Nunca
ganhei dinheiro com disco e sei
que outros artistas da minha
geração também não ganham",
afirma o músico radicado no
Rio, que percebeu o poder de
divulgação da internet ao fazer
shows em lugares nos quais não
havia tocado antes.
Consciente de que seus CDs
anteriores foram distribuídos
de forma restrita, ele se surpreendeu ao ver suas canções
cantadas e pedidas pela platéia,
em Fortaleza e Brasília. A razão
para isso só poderia estar nos
downloads da rede, concluiu.
"Passei por todas as etapas.
Lancei o primeiro disco por
uma gravadora pequena distribuída por uma major. Depois
tive meu próprio selo com distribuição independente. Agora
tenho meu selo, fazendo a própria distribuição e disponibilizando os arquivos. Fui vendo o
que dava certo ou não."
Gravado com patrocínio da
Petrobras, as faixas do novo álbum podem ser baixadas no site do selo do compositor:
www.diginois.com.br.
Faixas como a instrumental
"Awô Dub", que abre o álbum,
ou a bem-humorada "Lycra-Limão" ("menina me dê seu jeitinho vulgar / de topzinho, chinelinho ou calção / é barato de
ter, é baratinho venha ver") revelam uma evidente ligação
com os ritmos da Jamaica.
"É ela que dá unidade ao disco", admite o compositor, contando que é fã da música jamaicana, especialmente do dub,
sua vertente mais experimental. "Lá, pela primeira vez no
Terceiro Mundo, as pessoas
produziram música a partir de
máquinas."
Mangue beat
Outra referência marcante é
o mangue beat pernambucano,
exibida na própria letra de "Tijolo a Tijolo, Dinheiro a Dinheiro" ("Já disse Nação Zumbi:
"toalha nova não enxuga'"). "O
mangue beat foi um divisor de
águas, não só musicalmente,
mas em atitude também. Sempre me identifiquei com eles",
confirma o compositor.
Já na vibrante releitura do
samba "Ogodô Ano 2000", de
Tom Zé, Santtana divide os vocais com o compositor. "Tom
Zé consegue fazer música realmente popular, correndo todos
os riscos. Ele estica a música
para todos os lados. Meu prazer
é esse", diz.
CARLOS CALADO é jornalista e crítico musical,
autor do livro "A Divina Comédia dos Mutantes", entre outros
3 SESSIONS IN A GREEHOUSE
Artista: Lucas Santtana
Gravadora: Diginóis
Quanto: download gratuito no site:
www.diginois.com.br
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