São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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CONEXÃO POP

THIAGO NEY thiago.ney@uol.com.br

Eminem e os garotos mágicos


Rapper, que já foi o mais importante artista pop, perde o rumo; nova banda exala Beach Boys


LEMBRA DE um cara chamado Eminem? Então, ele ainda existe e está até lançando disco. Eminem, um dia -e não faz muito tempo- foi o popstar mais importante do mundo. Entre 1999 e 2001, 2002, não havia ninguém mais relevante, comentado, desejado. Eminem era o cara.
Dez anos depois, esse rapper branco criado em Detroit é só... mais um entre milhares de rappers medíocres norte-americanos.
É um outro artista.
Em 1999, Eminem lançou "The Slim Shady", que trazia músicas como "97 Bonnie and Clyde", em que ele descreve uma viagem com a filha -enquanto o corpo da mulher repousa na parte de trás do carro- e "Guilty Conscience", em que aconselha um homem a matar a mulher e seu amante.
Depois, em 2000, veio a obra-prima "The Marshall Mathers". O disco foi um estouro comercial -o mais vendido nos EUA naquele ano e um dos mais bem-sucedidos da história recente- e mostrou Eminem como um arquiteto de rimas.
Em "The Way I Am", conta como a gravadora o pressiona para compor faixas de sucesso; em "The Real Slim Shady", brinca com o mundo das celebridades; e há "Stan", música maiúscula, ímpar, na qual conta a história de um fã que o atormenta.
São discos que fluem com naturalidade, cada faixa parece estar no lugar certo, sem adereços supérfluos, com cada palavra colocada de maneira perfeita. Fizeram Eminem ser comparado até a poetas britânicos do século 19.
"Recovery", que saiu nos EUA anteontem, é o oposto. Letras bobas, melodias datadas. É arrastado, tedioso. Parece que Eminem sabia estar em crise, por isso chamou um monte de gente para ajudá-lo a construir o álbum: Rihanna, Lil" Wayne, Pink, Dr. Dre, Just Blaze, a lista vai longe. Não adiantou.
No álbum, Eminem utiliza até alguns samples bem divertidos -como a baba "What Is Love", do Haddaway, ou "Changes", do Black Sabbath-, mas eles parecem perdidos, jogados no meio de beats e rimas inconsistentes.
Quando chega Rihanna, na insossa "Love the Way You Lie" -que não seria nem um lado B de disco da... Rihanna-, já se foram 14 faixas. E a sua paciência.

 


Lembra que no ano passado Planeta Terra e Maquinaria aconteceram no mesmo dia? Pois então. Em 14 de agosto, teremos que escolher entre dois minifestivais: Creator's Project, no Mube, e Nova: Cultura Contemporânea, no Sesc Pompeia. O primeiro terá, entre outros, Mark Ronson (Lily Allen; Amy Winehouse); o segundo, a boa dupla Fuck Buttons.

 


Já ouviu Magic Kids? Melhor: já ouviu "Summer", do Magic Kids?
Vá agora ao www.myspace.com/themagickids ou ao Hype Machine (http://hypem.com).
"Summer" é pop que te coloca para cima, que lembra tanto a beleza dos Beach Boys como as cores de Mutantes e de Modest Mouse.
Os Magic Kids, grupo de Memphis, são parte do ótimo selo True Panther (Delorean; Girls; Lemonade). Lançam o primeiro disco entre julho e agosto. E se esse disco não vier com "Summer" e com "Hey Boy", será um crime.


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