São Paulo, terça, 23 de junho de 1998

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Platéia interage bem com King em disco arrebatador


da Redação

Muitos já tentaram explicar o que teria acontecido em Chicago na fria noite de 21 de novembro de 1964, dia em que B.B. King subiu ao palco do extinto teatro The Regal e desceu dele com um disco arrebatador.
Sempre citado como um dos maiores registros ao vivo da história da música ocidental, "B. B. King Live at the Regal" é único por ter levado ao paroxismo o chavão que afirma que um bom show é uma troca entre platéia e artista.
E como houve trocas naquela noite!
A platéia não deixou um acorde sem resposta. King contra-atacava dando tudo o que tinha na garganta e na ponta dos dedos. Um era o combustível do outro.
Juntos, transformaram o teatro numa grande lareira.
Reeditado várias vezes nos últimos 34 anos, o disco que a Universal coloca agora no mercado tem o mérito de ser a versão que traz o som mais próximo daquele que a platéia do Regal ouviu.
E isso tem seu lado bom e ruim. Se, por um lado, a remasterização tornou possível a audição da mais suave das notas, permitiu também que o assobio do sujeito na última fila também fosse ouvido.
Como todo bom disco ao vivo de blues, "Live at the Regal" começa com um disc-jockey fazendo a apresentação do músico. Depois, o naipe de metais solta os primeiros acordes de "Every Day I Have the Blues".
Pronto, King já tem a platéia nas mãos e, já na segunda música, "Sweet Little Angel", começa a usar e abusar do seu talento de comunicador.
Aproveita as bases que a banda faz para conversar com o público. E faz isso de forma ritmada, com uma noção de tempo ímpar. O cara que inventou o rap deve ter tido a idéia ao ouvir King conversando com a platéia.
E o pingue-pongue entre palco e cadeiras segue até a décima faixa, passando por sucessos como "How Blues Can You Get" e "You Upset Me Baby".
Não há nenhuma versão definitiva em "Live at the Regal". King conseguiu ser mais feliz ao registrar as músicas desse disco em outros, alguns ao vivo.
Exemplos são os dois discos que ele gravou em penitenciárias: "Live at the Cook County Jail" e "Live at San Quentin". Mas o disco de 64 ganha por, no conjunto, ter uma química única.
Diferentemente dos discos registrados nas penitenciárias, a platéia que foi ao Regal tinha apenas uma razão para não querer voltar para casa.
(EF)

Disco: B.B. King Live at the Regal
Artista: B.B. King
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 18




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