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Platéia interage bem com King em disco arrebatador
da Redação
Muitos já tentaram explicar o
que teria acontecido em Chicago
na fria noite de 21 de novembro de
1964, dia em que B.B. King subiu
ao palco do extinto teatro The Regal e desceu dele com um disco arrebatador.
Sempre citado como um dos
maiores registros ao vivo da história da música ocidental, "B. B.
King Live at the Regal" é único
por ter levado ao paroxismo o
chavão que afirma que um bom
show é uma troca entre platéia e
artista.
E como houve trocas naquela
noite!
A platéia não deixou um acorde
sem resposta. King contra-atacava
dando tudo o que tinha na garganta e na ponta dos dedos. Um era o
combustível do outro.
Juntos, transformaram o teatro
numa grande lareira.
Reeditado várias vezes nos últimos 34 anos, o disco que a Universal coloca agora no mercado tem o
mérito de ser a versão que traz o
som mais próximo daquele que a
platéia do Regal ouviu.
E isso tem seu lado bom e ruim.
Se, por um lado, a remasterização
tornou possível a audição da mais
suave das notas, permitiu também
que o assobio do sujeito na última
fila também fosse ouvido.
Como todo bom disco ao vivo de
blues, "Live at the Regal" começa
com um disc-jockey fazendo a
apresentação do músico. Depois,
o naipe de metais solta os primeiros acordes de "Every Day I Have
the Blues".
Pronto, King já tem a platéia nas
mãos e, já na segunda música,
"Sweet Little Angel", começa a
usar e abusar do seu talento de comunicador.
Aproveita as bases que a banda
faz para conversar com o público.
E faz isso de forma ritmada, com
uma noção de tempo ímpar. O cara que inventou o rap deve ter tido
a idéia ao ouvir King conversando
com a platéia.
E o pingue-pongue entre palco e
cadeiras segue até a décima faixa,
passando por sucessos como
"How Blues Can You Get" e
"You Upset Me Baby".
Não há nenhuma versão definitiva em "Live at the Regal". King
conseguiu ser mais feliz ao registrar as músicas desse disco em outros, alguns ao vivo.
Exemplos são os dois discos que
ele gravou em penitenciárias: "Live at the Cook County Jail" e "Live at San Quentin". Mas o disco
de 64 ganha por, no conjunto, ter
uma química única.
Diferentemente dos discos registrados nas penitenciárias, a platéia
que foi ao Regal tinha apenas uma
razão para não querer voltar para
casa.
(EF)
Disco: B.B. King Live at the Regal
Artista: B.B. King
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 18
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