São Paulo, Quarta-feira, 23 de Junho de 1999
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CINEMA
Usuário vai poder escolher entre dois desenvolvimentos e seis finais diferentes para o filme "Realidade Virtual"
Curta brasileiro terá lançamento pela rede

CLÁUDIA GURFINKEL
free-lance para a Folha


Uma história bem-humorada sobre a dependência do homem contemporânea em relação ao computador.
Assim é "Realidade Virtual", o primeiro curta brasileiro a ser lançado via Internet. Produzido pelo cineasta e jornalista Maurício Yared, o lançamento do filme está prometido para o fim do ano.
"O filme será comercializado normalmente. Irá participar dos festivais de curtas, entre outras coisas", diz Yared. Mas isso será feito com a versão do diretor. Para o público da rede, ficarão disponíveis dois desenvolvimentos para a história e seis finais diferentes.
Além disso, o site, que ainda será construído, terá notícias das gravações, fotos e cenas do "making of" do filme.
A história se passa em um "loft" onde tudo funciona automaticamente. Eduardo Martini interpreta um homem fanático por Internet.
O computador supre todas as necessidades sociais e financeiras do personagem: ele faz compras, trabalha, recebe salário, lê jornal, bate-papo, namora e até faz sexo por meio da máquina.
Mas, em um certo momento, ele se sente sozinho. Conhece Juliana na Internet e se apaixona por ela. É com esse fato que ele descobre que a sua vida e as pessoas que conhece foram criadas por seu computador.
Desesperado e com raiva de "seu único companheiro", ele se desconecta e decide destruí-lo.
"Ele não aceita a realidade virtual", afirma Yared. "Mas, na hora em que ele tenta sair para a rua, ele encontra um botão na porta de sua casa no qual está escrito: aperte "open" em seu computador."
Esta é a versão do diretor, que também poderá ser vista pela Internet. Mas a concepção do curta na rede será diferente. Com 12 minutos de duração, o filme terá duas rupturas para os visitantes do site.
Após os seis primeiros minutos, o usuário é convidado a escolher um desenvolvimento para a história: o dramático (que é o adotado por Yared) e o policial, que envolve a ação de "hackers" e a quebra de sigilo. Esta parte demora outros quatro minutos.
O tempo restante (dois minutos) fica reservado para os seis finais diferentes que o diretor preparou para a história.
Os desfechos vão desde o protagonista aceitar a realidade virtual até descobrir que tudo não passava de um jogo de computador.
Cinema X Internet
Durante todo o curta, o personagem vivido por Martini fica praticamente mudo. O que se ouve é a voz de sintetizador, emitida pelo próprio computador.
A linguagem cinematográfica utilizada por Yared usa elementos da linguagem do computador. O ritmo do filme é determinado pelo uso do "zoom" da câmera, imitando a abertura e o fechamento de janelas, como as do programa Windows.
O cursor que aparece na tela do computador também estará presente e pontuará a movimentação do personagem.
"A Internet permite coisas que o cinema não permite", diz Yared. Segundo o diretor, as pessoas poderão ver quantas vezes quiserem o filme "on line", o que permitirá escolher o final que mais gostam.
"Estou buscando uma interação com o público." Para isso, o diretor aceita sugestões pelo e-mail: realidadevirtual@hotmail.com
O filme foi orçado em R$ 250 mil, sem incluir os gastos com o site, mas já contando com a filmagem dos dois desenvolvimentos e dos seis finais.
Além de o filme fazer o roteiro habitual de um curta-metragem e de ser veiculado pela Internet, ele ainda será lançado em CD-ROM.


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