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CINEMA
Usuário vai poder escolher entre dois desenvolvimentos e seis finais diferentes para o filme "Realidade Virtual"
Curta brasileiro terá lançamento pela rede
CLÁUDIA GURFINKEL
free-lance para a Folha
Uma história bem-humorada sobre a dependência do homem contemporânea em relação ao computador.
Assim é "Realidade Virtual", o
primeiro curta brasileiro a ser lançado via Internet. Produzido pelo
cineasta e jornalista Maurício Yared, o lançamento do filme está
prometido para o fim do ano.
"O filme será comercializado
normalmente. Irá participar dos
festivais de curtas, entre outras
coisas", diz Yared. Mas isso será
feito com a versão do diretor. Para
o público da rede, ficarão disponíveis dois desenvolvimentos para a
história e seis finais diferentes.
Além disso, o site, que ainda será
construído, terá notícias das gravações, fotos e cenas do "making
of" do filme.
A história se passa em um "loft"
onde tudo funciona automaticamente. Eduardo Martini interpreta
um homem fanático por Internet.
O computador supre todas as necessidades sociais e financeiras do
personagem: ele faz compras, trabalha, recebe salário, lê jornal, bate-papo, namora e até faz sexo por
meio da máquina.
Mas, em um certo momento, ele
se sente sozinho. Conhece Juliana
na Internet e se apaixona por ela. É
com esse fato que ele descobre que
a sua vida e as pessoas que conhece
foram criadas por seu computador.
Desesperado e com raiva de "seu
único companheiro", ele se desconecta e decide destruí-lo.
"Ele não aceita a realidade virtual", afirma Yared. "Mas, na hora
em que ele tenta sair para a rua, ele
encontra um botão na porta de sua
casa no qual está escrito: aperte
"open" em seu computador."
Esta é a versão do diretor, que
também poderá ser vista pela Internet. Mas a concepção do curta
na rede será diferente. Com 12 minutos de duração, o filme terá duas
rupturas para os visitantes do site.
Após os seis primeiros minutos,
o usuário é convidado a escolher
um desenvolvimento para a história: o dramático (que é o adotado
por Yared) e o policial, que envolve
a ação de "hackers" e a quebra de
sigilo. Esta parte demora outros
quatro minutos.
O tempo restante (dois minutos)
fica reservado para os seis finais diferentes que o diretor preparou
para a história.
Os desfechos vão desde o protagonista aceitar a realidade virtual
até descobrir que tudo não passava
de um jogo de computador.
Cinema X Internet
Durante todo o curta, o personagem vivido por Martini fica praticamente mudo. O que se ouve é a
voz de sintetizador, emitida pelo
próprio computador.
A linguagem cinematográfica
utilizada por Yared usa elementos
da linguagem do computador. O
ritmo do filme é determinado pelo
uso do "zoom" da câmera, imitando a abertura e o fechamento de janelas, como as do programa Windows.
O cursor que aparece na tela do
computador também estará presente e pontuará a movimentação
do personagem.
"A Internet permite coisas que o
cinema não permite", diz Yared.
Segundo o diretor, as pessoas poderão ver quantas vezes quiserem
o filme "on line", o que permitirá
escolher o final que mais gostam.
"Estou buscando uma interação
com o público." Para isso, o diretor
aceita sugestões pelo e-mail:
realidadevirtual@hotmail.com
O filme foi orçado em R$ 250 mil,
sem incluir os gastos com o site,
mas já contando com a filmagem
dos dois desenvolvimentos e dos
seis finais.
Além de o filme fazer o roteiro
habitual de um curta-metragem e
de ser veiculado pela Internet, ele
ainda será lançado em CD-ROM.
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