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MÚSICA
Lulu gira zonzo no globo da fortuna
DA REPORTAGEM LOCAL
A roda da fortuna está girando
ligeiro, como diria a anticomercial Laura Finocchiaro. O popstar
tupiniquim Lulu Santos, 51, que
há quatro anos fez um "Acústico
MTV", aciona a caixa registradora e remete mais um "MTV ao Vivo" às prateleiras de CD, aos estandes de DVD, à tela da MTV
(primeira exibição hoje, 20h30).
O ineditismo é quase completamente varrido do projeto -você
desfrutará, se quiser, de enésimas
releituras de "Tempos Modernos" (82, em marruda e funkeada
nova versão), "O Último Romântico" (84), "Sincero" (85), "A Cura" (88), "Apenas Mais uma de
Amor" (92, linda e triste, como
sempre), "Assim Caminha a Humanidade" (94).
O CD é artisticamente primoroso, embora filosoficamente ruim
de doer. O DVD passa, é documento. O show é porreta, Lulu
continua sendo exímio arquiteto
de grudes pop, de rock e pseudo-rock, de sofisticação acondicionada em pretensa simplicidade.
Continua sendo um dos arquitetos da música popular brasileira, como diria o rebelde comercial
Marcelo D2. Mas assim, ao esmerilhar sua obra no globo da morte
das cópias tresloucadas que parecem nem ter mais versão original,
ajuda seus colegas, o Brasil e as indústrias fonográfica e televisiva a
fazer arquitetura de destruição.
Pois, olhem, "ao vivo" é a única
modalidade de CD que ainda vende alguma coisa. E em 2003, os
brasileiros consumiram 25% menos CDs que em 2002. Pode-se
pensar que foi assim "apesar" dos
milagreiros "ao vivo"-mas e se
for também "por causa", e não só
"apesar" deles? A destruição vem
de fora para dentro, ou o núcleo
vulcânico está dentro? "Deixa
chover", responde Lulu em "Tudo com Você" (82), fazendo citação ao ex-comercial Guilherme
Arantes. E que Deus nos acuda.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
MTV ao Vivo
Artista: Lulu Santos
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 30 (o CD) e R$ 50 (o DVD),
em média
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