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ANIMA MUNDI
Diretores do Centro de Animação de Seul falam sobre o atual boom na produção do setor na Coréia do Sul
"Seremos tão bons quanto a Disney"
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O céu é o limite para a animação
coreana. Mais que a utopia dos cidadãos de Marr, o gueto superpoluído onde vivem os excluídos do
longa "Wonderful Days", que será exibido hoje e amanhã no Anima Mundi, a metáfora vale também para o estado da indústria de
animação daquele país, que, em
pouco mais de dez anos, saltou de
reserva de mão de obra barata para um dos mais promissores setores da economia de Seul.
Homenageada com mostras especiais no festival brasileiro, a Coréia do Sul é um exemplo de como
uma política conjunta entre produtores e o setor público pode impulsionar o desenvolvimento dessa indústria, seja com o estabelecimento de quotas na TV aberta
(40% da programação anual deve
trazer conteúdo nacional), seja
com a criação de escolas e fundos
específicos de investimento em
mão-de-obra especializada.
O país produz de quatro a cinco
longas por ano e cerca de 8.000
minutos de conteúdo para séries
para a TV aberta. Em 2005, a expectativa é dobrar a meta.
"A animação coreana surgiu a
partir de trabalhos para estúdios
dos EUA, Japão e Europa. Mas isso foi transferido para a China e a
Indonésia, que oferecem preços
ainda mais baixos. Então precisávamos encontrar uma forma de
sobreviver", explica Bang Joong
Hyuk, 40, diretor-executivo do
Centro de Animação de Seul, órgão ligado ao governo federal coreano. "Daqui a poucos anos estaremos fazendo animação tão qualificada quanto a da Disney ou a
japonesa", desafia.
Apesar da proximidade geográfica e de indícios dessa influência
na produção mais comercial coreana, como é o caso de "Wonderful Days" e sua evocação de
elementos característicos de animês como "Ghost in the Shell" e
"Akira", engana-se quem pensa
que a animação coreana é simplesmente uma versão de segunda linha dos desenhos japoneses.
"Respeito muito o trabalho deles, mas não quero seguir o mesmo caminho da animação japonesa", afirma Park Won-chul, 28,
diretor de "Drawing Freedom",
curta em stop motion em que um
prisioneiro usa um livro velho para rabiscar imagens que transportam o personagem para bem longe de sua cela. Da Coréia ao Brasil.
ANIMA MUNDI 2004. Onde: Fundação
Bienal (pq. Ibirapuera, portão 3).
Quando: até 25/7, das 11h à 0h. Quanto:
de R$ 3 a R$ 5. Site:
www.animamundi.com.br.
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