São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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ANIMA MUNDI

Diretores do Centro de Animação de Seul falam sobre o atual boom na produção do setor na Coréia do Sul

"Seremos tão bons quanto a Disney"

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O céu é o limite para a animação coreana. Mais que a utopia dos cidadãos de Marr, o gueto superpoluído onde vivem os excluídos do longa "Wonderful Days", que será exibido hoje e amanhã no Anima Mundi, a metáfora vale também para o estado da indústria de animação daquele país, que, em pouco mais de dez anos, saltou de reserva de mão de obra barata para um dos mais promissores setores da economia de Seul.
Homenageada com mostras especiais no festival brasileiro, a Coréia do Sul é um exemplo de como uma política conjunta entre produtores e o setor público pode impulsionar o desenvolvimento dessa indústria, seja com o estabelecimento de quotas na TV aberta (40% da programação anual deve trazer conteúdo nacional), seja com a criação de escolas e fundos específicos de investimento em mão-de-obra especializada.
O país produz de quatro a cinco longas por ano e cerca de 8.000 minutos de conteúdo para séries para a TV aberta. Em 2005, a expectativa é dobrar a meta.
"A animação coreana surgiu a partir de trabalhos para estúdios dos EUA, Japão e Europa. Mas isso foi transferido para a China e a Indonésia, que oferecem preços ainda mais baixos. Então precisávamos encontrar uma forma de sobreviver", explica Bang Joong Hyuk, 40, diretor-executivo do Centro de Animação de Seul, órgão ligado ao governo federal coreano. "Daqui a poucos anos estaremos fazendo animação tão qualificada quanto a da Disney ou a japonesa", desafia.
Apesar da proximidade geográfica e de indícios dessa influência na produção mais comercial coreana, como é o caso de "Wonderful Days" e sua evocação de elementos característicos de animês como "Ghost in the Shell" e "Akira", engana-se quem pensa que a animação coreana é simplesmente uma versão de segunda linha dos desenhos japoneses.
"Respeito muito o trabalho deles, mas não quero seguir o mesmo caminho da animação japonesa", afirma Park Won-chul, 28, diretor de "Drawing Freedom", curta em stop motion em que um prisioneiro usa um livro velho para rabiscar imagens que transportam o personagem para bem longe de sua cela. Da Coréia ao Brasil.


ANIMA MUNDI 2004. Onde: Fundação Bienal (pq. Ibirapuera, portão 3). Quando: até 25/7, das 11h à 0h. Quanto: de R$ 3 a R$ 5. Site: www.animamundi.com.br.


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