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13º ANIMA MUNDI
Artista brasileiro, com trabalhos em livros, cinema e TV, mostra suas obras e participa do Papo Animado
Festival homenageia "embaixador" Rui de Oliveira
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele é um dos símbolos do audiovisual brasileiro -seu trabalho
com livros, televisão e cinema serviu de base para gerações de animadores e modernizou a linguagem da animação no país.
Definido por Cesar Coelho, um
dos organizadores do Anima
Mundi, como um dos "embaixadores do evento", o carioca Rui de
Oliveira é homenageado hoje
com uma pequena mostra de seus
trabalhos e a participação no Papo Animado, a partir das 19h30.
Em entrevista a Folha, ele falou sobre sua carreira e sobre a história do audiovisual no Brasil.
Folha - Como foi seu começo na
animação?
Oliveira - Eu sou de origem paupérrima. Minha mãe, que era uma
pessoa simples, dizia que eu tinha
recebido um dom do Espírito
Santo para desenhar. Quando
criança, eu experimentava narrativas em um brinquedo da época
chamado "Cinema Barlam", emprestado de um amigo.
Folha - Ser animador no Brasil é
viável economicamente?
Oliveira - Sim, há campo de trabalho para a animação. É necessário talento, claro, mas também
muita fé no seu próprio trabalho.
É preciso perseverar para ser
bem-sucedido. A inteligência visual do brasileiro evoluiu muito, e
isso demanda cada vez mais o trabalho de bons profissionais.
Folha - Como se deu essa evolução da inteligência visual?
Oliveira - A relação da palavra
com a imagem mudou. Na indústria do livro, a imagem foi por
muito tempo subsidiária da palavra. Pegando um livro de antigamente e comparando os aspectos
audiovisuais -a capa, a tipologia,
o falso rosto, a lombada, as ilustrações etc.- com os livros
atuais, você vê como a nossa inteligência não se satisfaz mais apenas com a palavra. A eclosão de
escolas de design também tem
grande participação nisso. O design brasileiro evoluiu muito e essa evolução passou para a animação, que é quase toda feita por
gente originária da área de design.
Outro exemplo do aprimoramento da inteligência visual são
as campanhas políticas: hoje em
dia todo candidato faz logotipos,
logomarcas, se preocupa em distribuir "bottons", camisetas. É
claro que isso tem um lado negativo também, o exagero desse mundo iconográfico é ruim.
Folha - E qual é a importância
dessa evolução?
Oliveira - Todo grande país tem,
ao lado de uma política armamentista forte, uma política audiovisual de peso. Eles associam o
poderio militar ao poder audiovisual, é uma estratégia mundial
-temos os exemplos dos Estados
Unidos, do Japão, da China. O
Brasil tem que se inserir nisso e
acho que tem a oportunidade.
Folha - Como você virou um "embaixador" do Anima Mundi?
Oliveira - Eu escrevo há muito
tempo sobre o audiovisual brasileiro e sobre o festival. Quando ele
surgiu eu o associei à Semana de
Arte Moderna de 1922 -o Anima
Mundi teve, no caso do audiovisual brasileiro, o mesmo papel
que a semana teve para a literatura, a música e as artes plásticas.
Folha - Que conselho você daria
para um iniciante da animação?
Oliveira - Hoje em dia há um
certo bloqueio da leitura, talvez
motivado pelo excesso de imagens, mas o fundamento para a
formação do jovem é a leitura. Isso é o nosso grande calcanhar de
Aquiles -nossas animações se
ressentem de idéias, que podem
ser encontradas na literatura. A
palavra é o referencial básico para
o homem de imagem. Por isso,
um iniciante deve ler muito, além
de pesquisar e aprimorar cada vez
mais sua técnica. Ele deve também ver muito cinema -um cineasta de animação tem que conhecer o expressionismo alemão,
por exemplo; toda a gênese do desenho animado está ali. Se ele não
conhece isso, vai fazer o que está
na moda, vai fazer o fanzine.
Folha - O fanzine é um trabalho
menor?
Oliveira - Não, ele só é menor se
for desvinculado de um alicerce.
Ele é ótimo porque permite ao jovem se expressar, mas ali o autor
desenha apenas seu desenho, pode ficar preso em maneirismos
que se esgotam em pouco tempo.
Para progredir é necessária uma
formação cultural e acadêmica
mais sólida. O fanzine é uma fase
na evolução gráfica de artista.
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