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"Cobras" tira Globo do sufoco apesar do bafafá de plágio
Novela das sete, acusada de copiar personagens de filme de Walter Salles, levanta o ibope derrubado por "Bang Bang'
Instrumentos musicais dos mocinhos Bel e Duda, pivôs da polêmica com o cineasta, somem da história; autor diz que eram "apenas adereços"
DA REPORTAGEM LOCAL
A Globo não podia mais ter
problemas no horário das sete
após a crise de audiência gerada
pela confusa "Bang Bang". Eis
que "Cobras & Lagartos" estréia com a missão de salvá-la
do naufrágio e, "buemba", é
acusada de plágio pelo consagrado cineasta Walter Salles.
Correria no departamento
jurídico à parte, a direção da
Globo apostava que a trama de
João Emanuel Carneiro iria decolar. Tinha, para isso, nomes
fortes no elenco, a direção do
veterano Wolf Maya e uma história bem construída em torno
dos velhos ingredientes folhetinescos. Três meses após a estréia, a cúpula confirma que estava certa ao apostar no autor,
que já batera recordes de audiência em sua primeira novela, "Da Cor do Pecado". A curva
ascendente de "Cobras" no
Ibope tirou o canal do sufoco e
aponta para mais crescimento.
Depois de ser acusado de copiar o casal protagonista que
toca música clássica de um filme inédito de Salles, com quem
trabalhou, Carneiro poderá incluir no currículo o feito de pegar um horário no limbo e
transformá-lo em fenômeno.
Na primeira semana, "Cobras" teve 31 pontos (1,6 milhão
de domicílios na Grande SP),
sintonizada por 45% das TVs ligadas no horário (na Globo, ficar abaixo de 50% é crise). Na
11º semana, já havia subido para 36 pontos (1,9 milhão), vista
por 54% dos telespectadores.
Polêmica
À época das acusações de plágio, a Folha tentou entrevistar
Carneiro para registrar a sua
versão, mas não obteve resposta. Agora, sobre o sucesso da
novela, ele topou falar, ainda
que por e-mail, via assessoria
de imprensa da Globo.
Sobre o sumiço dos instrumentos musicais tocados pelos
mocinhos Duda (Daniel de Oliveira) e Bel (Mariana Ximenez), pivôs da polêmica, afirmou: "Bel e Duda seguem exatamente suas trajetórias previstas na sinopse original. Ela é
a perfumista herdeira de uma
loja de luxo e ele, um pequeno
empresário que Omar Pasquim
[Francisco Cuoco] escolheu
para herdeiro da sua fortuna. O
fato de terem o hobby de tocar
instrumentos musicais é apenas um adereço".
Não foi bem assim nos primeiros capítulos. Bel tocava
violoncelo, e Duda, clarinete.
Os diálogos giravam em torno
de música clássica e eles se encontravam num conservatório
-que também desapareceu.
Carneiro defende que é Foguinho (Lázaro Ramos) -e não
Bel e Duda- o protagonista da
novela. "O papel do Lázaro
sempre foi a artéria principal
da história. A novela é construída em cima dessa parábola:
a ascensão e a queda de um homem-sanduíche, homem-placa
como se diz em São Paulo, que
se torna dono de uma loja de
luxo tomando emprestada a
herança de seu homônimo".
Segundo ele, foi a perua Milu
que superou a sinopse original.
"Marília Pêra deu uma vida ao
personagem que está muito
além do escrito no papel."
O último parágrafo vai para
os noveleiros. Omar volta, ao
estilo Bia Falcão? "Não acho
que ele volte em carne e osso.
Mas nunca se sabe...", responde
Carneiro.
(LAURA MATTOS)
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