São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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"Cobras" tira Globo do sufoco apesar do bafafá de plágio

Novela das sete, acusada de copiar personagens de filme de Walter Salles, levanta o ibope derrubado por "Bang Bang'

Instrumentos musicais dos mocinhos Bel e Duda, pivôs da polêmica com o cineasta, somem da história; autor diz que eram "apenas adereços"

DA REPORTAGEM LOCAL

A Globo não podia mais ter problemas no horário das sete após a crise de audiência gerada pela confusa "Bang Bang". Eis que "Cobras & Lagartos" estréia com a missão de salvá-la do naufrágio e, "buemba", é acusada de plágio pelo consagrado cineasta Walter Salles.
Correria no departamento jurídico à parte, a direção da Globo apostava que a trama de João Emanuel Carneiro iria decolar. Tinha, para isso, nomes fortes no elenco, a direção do veterano Wolf Maya e uma história bem construída em torno dos velhos ingredientes folhetinescos. Três meses após a estréia, a cúpula confirma que estava certa ao apostar no autor, que já batera recordes de audiência em sua primeira novela, "Da Cor do Pecado". A curva ascendente de "Cobras" no Ibope tirou o canal do sufoco e aponta para mais crescimento.
Depois de ser acusado de copiar o casal protagonista que toca música clássica de um filme inédito de Salles, com quem trabalhou, Carneiro poderá incluir no currículo o feito de pegar um horário no limbo e transformá-lo em fenômeno.
Na primeira semana, "Cobras" teve 31 pontos (1,6 milhão de domicílios na Grande SP), sintonizada por 45% das TVs ligadas no horário (na Globo, ficar abaixo de 50% é crise). Na 11º semana, já havia subido para 36 pontos (1,9 milhão), vista por 54% dos telespectadores.

Polêmica
À época das acusações de plágio, a Folha tentou entrevistar Carneiro para registrar a sua versão, mas não obteve resposta. Agora, sobre o sucesso da novela, ele topou falar, ainda que por e-mail, via assessoria de imprensa da Globo.
Sobre o sumiço dos instrumentos musicais tocados pelos mocinhos Duda (Daniel de Oliveira) e Bel (Mariana Ximenez), pivôs da polêmica, afirmou: "Bel e Duda seguem exatamente suas trajetórias previstas na sinopse original. Ela é a perfumista herdeira de uma loja de luxo e ele, um pequeno empresário que Omar Pasquim [Francisco Cuoco] escolheu para herdeiro da sua fortuna. O fato de terem o hobby de tocar instrumentos musicais é apenas um adereço".
Não foi bem assim nos primeiros capítulos. Bel tocava violoncelo, e Duda, clarinete. Os diálogos giravam em torno de música clássica e eles se encontravam num conservatório -que também desapareceu.
Carneiro defende que é Foguinho (Lázaro Ramos) -e não Bel e Duda- o protagonista da novela. "O papel do Lázaro sempre foi a artéria principal da história. A novela é construída em cima dessa parábola: a ascensão e a queda de um homem-sanduíche, homem-placa como se diz em São Paulo, que se torna dono de uma loja de luxo tomando emprestada a herança de seu homônimo".
Segundo ele, foi a perua Milu que superou a sinopse original. "Marília Pêra deu uma vida ao personagem que está muito além do escrito no papel."
O último parágrafo vai para os noveleiros. Omar volta, ao estilo Bia Falcão? "Não acho que ele volte em carne e osso. Mas nunca se sabe...", responde Carneiro. (LAURA MATTOS)


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