São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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Vitrine

Drama
Marcas da Violência     
DAVID CRONENBERG
Distribuidora:
Playarte; Quanto: só para locação
Se tomarmos apenas a história, "Marcas da Violência" deveria significar a adesão de David Cronenberg ao "mainstream". No entanto, partindo da idéia de um típico herói americano, o tipo que enfrenta e derrota o bandido, o canadense conduz seu personagem central a uma duplicidade dilacerante: ele pode ser, simultaneamente, o melhor dos pais e o pior dos criminosos, o vilão e o herói. Essas cartas que se embaralham fazem, em boa parte, a originalidade deste filme. Para reforçar o interesse, a edição é acompanhada de um dos raros "making of" capazes de nos instruir sobre a feitura de um filme e seu espírito. "Atos de Violência" comenta a feitura de várias seqüências do filme. Mostra que, mais que "mistérios técnicos", o que importa ao fazer um filme é ter o que dizer. (INÁCIO ARAUJO)

Ação
Nem Tudo É o que Parece     
MATTHEW VAUGHN
Distribuidora:
Sony; Quanto: só para locação
Um traficante de luxo (Daniel Craig, o novo 007) é obrigado por um chefão do crime a: 1) realizar um golpe arriscado (negociar a distribuição de 1 milhão de comprimidos de ecstasy); e 2) encontrar a filha de outro bambambã do mal. Este é o primeiro filme dirigido por Vaughn, conhecido como produtor de "Snatch" e "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes", ambos de Guy Ritchie - conhecido como marido de Madonna. A temática e a paisagem desses três longas são praticamente as mesmas: as regiões leste e norte de Londres do ponto de vista de meliantes nada amistosos. Mas Vaughn trata a violência com parcimônia e sua câmera movimenta-se de forma menos histérica; é o roteiro, cheio de boas sacadas, que dá ritmo ao filme. (THIAGO NEY)

Drama
O Elo Perdido   
REGIS WARGNIER
Distribuidora:
Imagem Quanto: só para locação
O ponto central deste épico dirigido por Régis Wargnier ("Indochina"), escolhido como filme de abertura do Festival de Berlim no ano passado, está na ética do mundo científico. O médico escocês Jamie Dodd (Joseph Fiennes) e a aventureira Elena Van Den End (Kristin Scott Thomas) buscam, na África, o "elo perdido" da evolução humana. Capturam dois pigmeus que, na Escócia, são submetidos a toda sorte de experiências humilhantes. O filme traça paralelos entre a exploração da ciência e do entretenimento, pois Elena ajuda a capturar os pigmeus na condição de, depois, transformá-los em atração de seu circo. Apesar da riqueza do tema, Wargnier faz um filme sem qualquer brilho. O DVD traz como extras apenas o trailer e uma galeria de fotos. (PEDRO BUTCHER)

Drama
Em Minha Terra   
JOHN BOORMAN
Distribuidora:
Sony Quanto: R$ 33, em média
Tema dos mais provocantes, abordagem politicamente correta (e pálida): com o fim do regime de apartheid na África do Sul, a Comissão da Verdade e da Reconciliação busca a confissão dos réus, diante das famílias de suas vítimas, para que sejam anistiados de acordo com tradição local. Um jornalista norte-americano (Samuel L. Jackson) conhece uma colega sul-africana (Juliette Binoche) durante a cobertura e, à medida que se aproxima dela, aprende a enxergar o episódio da perspectiva africana - e vice-versa. Prevalece, no entanto, o aspecto sentimental, em detrimento das condições históricas, sociais e políticas que levaram à criação da Comissão. O DVD traz entrevistas, cenas excluídas e comentários em áudio de John Boorman ("Amargo Pesadelo", "Excalibur"). (SÉRGIO RIZZO)

Suspense
Coleção Agatha Christie   
GEORGE POLLOCK
Distribuidora:
Warner; Quanto: R$ 100, em média
Margaret Rutherford podia não ser o que Agatha Christie tinha em mente quando criou Miss Marple, mas poucos haveriam de achar um problema se a personagem dos livros tivesse um estilo assim mais Rutherford -a própria autora chegou a dedicar um romance a ela. Na caixa que reúne quatro aventuras da detetive nas (muitas) horas vagas, o gestual espalhafatoso da atriz está a uma boa distância de ser incômodo. Ele combina com as teorias mirabolantes de Marple; aquelas que, a despeito de estar sempre certas, jamais convencem o inspetor Craddock. Sofríveis, mesmo, são os títulos que os filmes receberam por aqui -"Murder at the Gallop" (1963), por exemplo, virou "Sherlock de Saias". (RAQUEL COZER)

Série de TV
Dallas - 3ª Temporada - Vol. 1 e 2   
DAVID JACOBS (CRIADOR)
Distribuidora:
Warner; Quanto: R$ 100 (por volume)
Finalmente a família Ewing conseguiu um herdeiro, com a gravidez da mulher de JR (Larry Hagman). Na verdade, o filho não é dele, mas John 3º vai ser criado -e até seqüestrado- como um futuro milionário. Em contrapartida, o núcleo familiar dos Ewing se deteriora cada vez mais, com a depressão pós-parto de Sue Ellen, a doença da matriarca Eleanor e as muitas mentiras. A terceira temporada de "Dallas" (1979) perde um pouco da vitalidade inicial e se desgasta, mas este ano da série termina no grande mistério de quem atirou no odiado JR, que, com sua soberba e falcatruas, leva à falência as empresas petrolíferas do clã. Ainda vale o investimento. (LÚCIA VALENTIM RODRIGUES)


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