Baseado em cartum de Roberto Fontanarrosa, "Boogie, El Aceitoso" é destaque do festival Anima Mundi

CLARICE CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Boogie é alto, forte, sedutor. Um assassino nato, cheio de si. Poderia ser uma versão mais sádica de 007 ou ser encarnado por um Bruce Willis ou um Tom Cruise, mas aí já não seria tão asqueroso.
E esse é o tempero principal da estrela da animação argentina "Boogie, El Aceitoso" (Boogie, o seboso), um dos três longas exibidos nesta 18ª edição do Anima Mundi (Festival Internacional de Animação do Brasil), que vai até domingo no Rio e chega a São Paulo no próximo dia 28.
Além de "Boogie", completam a carteira de longas do Anima Mundi o australiano "Mary e Max: Uma Amizade Diferente", de Adam Elliot, em cartaz nos cinemas, e o dinamarquês "The Apple & The Worm" (a maçã e a minhoca), de Anders Morgenthaler e Mads Juul.
Boogie é um assassino de aluguel que tem a fama questionada quando a máfia contrata um novato para sumir com a testemunha de acusação do julgamento do chefão. No fundo, teme envelhecer, ser substituído, e, então, começa uma jornada marcada pelo humor negro e pela violência -física, verbal e psicológica- para provar que ainda é o melhor.
Na atmosfera "dark" do submundo, vai delineando uma sátira de filmes do gênero com grandes sequências de ação, lutas, perseguições e sangue, muito sangue.
Com voz grossa e empostada, ele adora flertar com a misoginia: mulheres só servem na cozinha ou na cama, adoram apanhar e são descartáveis. Cavalheirismo puro. Um garoto pede dinheiro? Acaba fuzilado. Uma velhinha lembra fatos constrangedores da infância? Leva um tiro por "saber demais".
Produzido em 3D e baseado na obra do cartunista Roberto Alfredo Fontanarrosa, "Boogie" é um desenho para adultos.

A jornalista CLARICE CARDOSO viajou a convite da organização do festival