São Paulo, sábado, 23 de julho de 2011

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Monólogo investiga legado de Bourgeois

Denise Stoklos encena hoje e amanhã, no Instituto Tomie Ohtake, espetáculo inspirado na vida e obra da artista

Peça já foi apresentada em Nova York em 2000 e agora integra exposição dedicada à carreira da escultora


GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Denise Stoklos conviveu dois anos com Louise Bourgeois para fazer o monólogo "Louise Bourgeois - Faço, Desfaço, Refaço".
O espetáculo, que estreou em 2000 no cultuado Teatro La Mama, em Nova York, é apresentado neste fim de semana em São Paulo, por ocasião da exposição sobre a escultora franco-americana no Instituto Tomie Ohtake.
A pedido da Folha, Stoklos fala sobre a peça e a convivência com a artista.

 


Folha - Qual foi o principal ensinamento que você teve com Louise Bourgeois?
Denise Stoklos - A magnanimidade. Através do sofrimento, sua grandeza se mostrava imensa. Exatamente o contrário dos cabotinismos que encharcam a "pseudo-intelligentsia".

Por que você resolveu fazer um monólogo sobre ela?
Meu deslumbre começou pelos seus escritos sobre a arte e o artista, tão sintéticos e amplos na abordagem. Ela parecia fazer seu ego grande para ser um alvo bem visível a ser acertado.

Você disse certa vez considerar esta experiência um divisor de águas. Por quê?
Conhecer Louise Bourgeois faz a inocência deixar de existir. Ela ilumina os matagais mais obscuros e revela a humildade que veste o narcisista, o blefe que reveste o charme e a elegância que esconde o desarmado.

Como você descreveria Louise Bourgeois?
Ela cultivava apreciações que fogem dos terrenos da obviedade. Uma vez, eu a ouvi escutando um poeta italiano por horas, e ela não falava italiano. Aprendi mais do amor naquele momento.

De que forma construiu a dramaturgia?
Não me fantasio dos personagens que interpreto. Grudo as pontas que nos unem, localizando onde temos os mesmos danos, afetos e desafetos. Apresento Louise Bourgeois com sua força, ternura e luta, que me comoviam.

Qual foi a interferência de Louise Bourgeois no processo do espetáculo?
Total, inclusive no cenário, criado por ela, formado por uma jaula que abriga coisas que ela tinha em seu estúdio.

Por que ela sugeriu que o espetáculo fosse nomeado de "Faço, Desfaço, Refaço"?
Louise Bourgeois tinha feito uma exposição em Londres com esse título. E eu dizia que, se a peça não ficasse boa, eu não a apresentaria. Ela dizia: "Por que não faz como eu? Se não fica bom, eu desfaço e refaço e assim continuo".

Ela gostou do espetáculo?
Ela se demonstrava satisfeita com algo quando dizia que estava "pronto". Disse isso quando estreamos a peça. Ela mandava convites do espetáculo para seus compradores e demonstrava muito prazer nas apresentações. Para mim, era um ritual de agradecimento. Ainda é.

LOUISE BOURGEOIS - FAÇO, DESFAÇO, REFAÇO
QUANDO hoje e amanhã , às 20h
ONDE Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201; tel. 0/xx/11/2245-1900)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
QUANTO grátis




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