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Escritor queria ser Balzac
MARCELO PEN
especial para a Folha
Henry James aspirava a ser
o Balzac das letras inglesas.
Como o francês, queria tornar-se escritor profissional.
Queria produzir sua "Comédia Humana". Queria conferir ao romance o status de
"arte séria", tese pouco afinada com o mundo anglo-americano do século 19.
Nascido em Nova York,
em frente à Washington
Square que imortalizou
num de seus livros mais conhecidos, James sabia que os
EUA não eram respeitados
como nação artística. Era
preciso conquistar a Europa.
Sempre lutou contra a visão de compatriotas de que
os romances, habitualmente
lançados em folhetins, eram
sinônimo de literatura feminina e, portanto, de coisa
menor. Pode-se dizer que a
invenção da ficção como arte passou por seu esforço.
Não foi um autor popular.
Os editores costumavam pedir-lhe para cortar texto e injetar ação nas suas obras. James teve a independência e o
bom senso de recusar.
Mesmo assim, houve vários sucessos. "Daisy Miller", sua primeira história a
apresentar uma jovem destemida arrostando o destino, teve êxito imediato.
Seus romances iniciais
chegaram a ser pirateados
nos dois lados do Atlântico,
mas foi com "Retrato de
uma Senhora" que fama e
reconhecimento se enlaçaram. O sonho de sua "Comédia Humana" tomou forma nos 24 volumes de suas
obras selecionadas, a famosa
edição de Nova York. Financeiramente, porém, o empreendimento fracassou.
James morreu cidadão britânico em 1916. Três anos
antes, o editor Ford Madox
Ford o saudara como "o
maior dos escritores vivos"
num livro do qual James
preferira manter distância.
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