São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
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Escritor queria ser Balzac

MARCELO PEN
especial para a Folha

Henry James aspirava a ser o Balzac das letras inglesas. Como o francês, queria tornar-se escritor profissional. Queria produzir sua "Comédia Humana". Queria conferir ao romance o status de "arte séria", tese pouco afinada com o mundo anglo-americano do século 19.
Nascido em Nova York, em frente à Washington Square que imortalizou num de seus livros mais conhecidos, James sabia que os EUA não eram respeitados como nação artística. Era preciso conquistar a Europa.
Sempre lutou contra a visão de compatriotas de que os romances, habitualmente lançados em folhetins, eram sinônimo de literatura feminina e, portanto, de coisa menor. Pode-se dizer que a invenção da ficção como arte passou por seu esforço.
Não foi um autor popular. Os editores costumavam pedir-lhe para cortar texto e injetar ação nas suas obras. James teve a independência e o bom senso de recusar.
Mesmo assim, houve vários sucessos. "Daisy Miller", sua primeira história a apresentar uma jovem destemida arrostando o destino, teve êxito imediato.
Seus romances iniciais chegaram a ser pirateados nos dois lados do Atlântico, mas foi com "Retrato de uma Senhora" que fama e reconhecimento se enlaçaram. O sonho de sua "Comédia Humana" tomou forma nos 24 volumes de suas obras selecionadas, a famosa edição de Nova York. Financeiramente, porém, o empreendimento fracassou.
James morreu cidadão britânico em 1916. Três anos antes, o editor Ford Madox Ford o saudara como "o maior dos escritores vivos" num livro do qual James preferira manter distância.


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