São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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MÚSICA

Com apenas um álbum, grupo nova-iorquino é a principal atração do Reading, maior festival do rock mundial

Strokes repete feito do Nirvana em 1992

Divulgação
Da esq. para a dir., Nick Valensi, Fabrizio Moretti, Albert Hammond Jr., Julian Casablancas e Nikolai Fraiture, da banda Strokes


EM READING

Para o alto e avante. A escalação da banda nova-iorquina The Strokes como principal atração do maior festival de rock do mundo confirma a inacreditável ainda ascendente trajetória desse grupo que tem até um brasileiro em sua formação.
Se, no ano passado, os Strokes surgiram com muito barulho feito por apenas um single, neste ano, com só um álbum lançado e quatro canções novas, a banda talvez não tenha nem repertório para segurar as duas horas de show no Reading Festival. "Is This It", o disco de estréia (2001), não tem 40 minutos de duração.
O nome dos Strokes no topo da lista de bandas do primeiro dia do evento é de assustar quem não tem ainda a medida do que representa o chamado novo rock, do qual o grupo de NY é um dos representantes mais festejados.
Na edição de 2001 do mesmo Reading Festival, ainda sem seu primeiro álbum, a banda foi levada do palco secundário para tocar no palco principal na semana do show, mesmo contra a vontade dos organizadores, forçados pela aclamação de fãs e dos críticos especializados, os maiores entusiasmados com os Strokes.
Agora os mesmos organizadores, um ano depois, escalam os Strokes como grande "headliner", fato que lembra o ocorrido com o Nirvana, há exatos dez anos. No Reading 1991, o grupo tocou no palco principal, mas num posto abaixo das principais atrações, à luz do fim de tarde, tal qual os Strokes no ano passado.
Já na edição seguinte, no Reading 1992, com o álbum "Nevermind" nas lojas, o Nirvana era o grande nome do festival e arrastava perto de 100 mil pessoas.
Strokes na Inglaterra é febre altíssima. As pistas ficam abarrotadas quando suas canções tocam. Aqui, seus integrantes, que andam de metrô tranquilamente em Nova York, precisam de seguranças. O cachê do grupo no Reading atinge a quantia de 350 mil libras, algo perto de R$ 1,8 milhão, por apenas dois shows.
A maratona de shows que justificam o hype faz o jovem quinteto ser refém do primeiro disco. Não há sossego para gravar o segundo álbum, que só deve chegar às lojas no meio de 2003.
As músicas novas estão nascendo aos poucos durante as viagens das infindáveis turnês. Ou são canções antigas retrabalhadas pela banda na estrada, entre uma apresentação e outra.
Julian Casablancas, com uma grave contusão no joelho, tem entrado no palco de muletas e cantado sentado em um banquinho. Especula-se que o líder dos Strokes pode aparecer de cadeira de rodas hoje, imitando o gesto de Kurt Cobain no Reading 1992. Só que, no caso de Julian, com justificativa. Não só de farra.
A megabanda Rolling Stones fez um convite para os Strokes abrirem dois shows de outubro da próxima turnê do veterano grupo. Foi exigência de Mick Jagger. Já o espetacular álbum de estréia dos Strokes deve ser relançado em breve, com uma versão multimídia de um show para a MTV.
É cedo para saber ao certo onde os Strokes vão parar, mas toda a celebração em torno dos meninos de NY é considerada bem-vinda ao rock. Pela porta aberta dos Strokes, muitas boas bandas estão passando e aparecendo para a música pop.(LÚCIO RIBEIRO)

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