CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Você pode não conhecer o termo "slacker house" (ou house largadão), mas, se ouve rádio de dance music e sai à noite para dançar, certamente já ouviu o hino do house largado, a divertida "Lazy", do X-Press 2.
Com o hit, os ingleses Ashley Beedle, Rocky e Diesel se confirmam como o trio midas da house. Tudo o que eles tocam (ou melhor, produzem) vira ouro. Juntos desde 93, os três lançam só agora o primeiro CD, "Muzikizum".
"Lazy", a música que levou o X-Press 2 ao segundo lugar da parada pop do Reino Unido, tem vocais do ex-Talking Heads David Byrne. E o novo single é "I Want You Back", com vocais de Dieter Meier, líder do grupo Yello.
Além dos famosos que estão no disco, o X-Press 2 já remixou faixas para nomes de peso, como Mark Almond, Danny Tenaglia, Green Velvet e Fatboy Slim.
O trio, que tocou no Free Jazz 2001, faz sua próxima grande apresentação (usando seis toca-discos) amanhã, no superfestival Creamfields, em Liverpool.
Sensação deste verão em Ibiza, principal nome de festivais importantes, donos da música do ano na Inglaterra, queridinhos de Fatboy Slim... Nada disso deixou os DJs do X-Press 2 afetados. "Se o telefone cair no chão, não repara. É que estou fazendo faxina", disse Rocky, de sua casa em Londres.

Folha - De onde veio a idéia de convidar David Byrne em "Lazy"?
Rocky - Tínhamos um projeto paralelo chamado Ballistic Brothers, há uns seis anos. O David nos procurou nessa época, queria que fôssemos sua banda de apoio. Só que não somos uma banda, então não aceitamos. Quando começamos "Lazy", a música lembrava Talking Heads. Ligamos para ele, que escreveu a letra e gravou os vocais. Gostamos do resultado, mas nunca havíamos sonhado que seria o estouro que foi. Fomos parar no [programa de TV inglês" "Top of the Pops"...

Folha - E como foi?
Rocky - Engraçadíssimo. O "Top of the Pops" é um desses programas que todo mundo assistiu a vida toda. Lembro que, quando era garotinho, ficava imitando os cantores que iam lá. Foi muito maluco estar ali. O show em si foi engraçado porque a gente não queria fingir que estava tocando. Então, a produção concordou que ficássemos sentados numas poltronas no fundo do palco, enquanto David cantava. Foi hilário.

Folha - Aliás, vocês parecem sempre se divertir muito no palco, não?
Rocky - Sim, muito. É muito legal estar ali, tocando para gente que está a fim de curtir. Dance music é algo feito para ser divertido. É a válvula de escape depois de um dia de cão no trabalho.

Folha - Quem inventou o termo "slacker house"?
Rocky - Foi um cara do selo Skint. Mas esse termo se refere mais à faixa "Lazy", que é bem largadona, até porque tem a ver com a letra. Acho que é bom para as músicas mais lentas, mas o disco não é todo "slacker house", tem faixas rapidinhas, boas de pista.

Folha - Por que levaram dez anos para lançar o primeiro CD?
Rocky - Gostamos de lançar singles porque somos DJs, os vinis são nossa ferramenta de trabalho. Se não fosse por nosso atual empresário, nem teríamos pensando em lançar um CD.

Folha - Qual a lembrança que vocês têm do Brasil?
Rocky - Lembro que a gente se divertiu muito. Uma hora depois de voar sobre o Corcovado, estávamos no palco, com um bando de amigos DJs [Fatboy Slim, Jon Carter". A coisa rolou muito no improviso. Chamamos uma menina para ser dançarina de palco ali na hora, não estava nada combinado. Estamos loucos para voltar e promover o disco.

Folha - O som de vocês tem muito de disco. É a maior inspiração?
Rocky - Lógico. Fazemos uma combinação de tecno com disco.

Folha - Como está Ibiza este ano?
Rocky - Sinceramente, está muito comercial. Tem outdoors por todos os cantos, fazendo propaganda dos clubões. O melhor de Ibiza é a festa que acontece às segundas pela manhã, no clubinho DC 10. É a melhor do mundo!!


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