UOL


São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FESTIVAL DE GRAMADO

De todos os concorrentes, filme de Hugo Carvana que homenageia chanchada teve a reação mais calorosa

"Apolônio" ganha preferência do público

Vantoen Pereira Junior/Divulgação
José Lewgoy em cena de "Apolônio Brasil", filme que marca sua última participação no cinema


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO

Se o público que aplaudiu as exibições dos filmes em competição no Festival de Gramado cravar seu voto nas urnas da eleição popular instaladas no Palácio dos Festivais, "Apolônio Brasil" receberá nesta noite, na solenidade de encerramento desta 31ª edição do festival, o Kikito de melhor título brasileiro da disputa.
Já a tendência do júri oficial -que atribuirá os troféus aos filmes nacionais e também aos concorrentes latinos da mostra- permanece desconhecida.
Nenhum dos títulos brasileiros foi apontado como favorito. A disputa latina aponta para a divisão de prêmios entre o espanhol "Segunda-Feira ao Sol", de Fernando León de Aranoa, e o argentino "Lugares Comunes", de Adolfo Aristarain.
A sessão de "Apolônio Brasil", dirigido por Hugo Carvana, na quinta, teve a mais calorosa recepção da platéia, contada a apresentação de quatro dos cinco candidatos.
Na noite de ontem, seria exibido o paranaense "O Preço da Paz", dirigido pelo paulista Paulo Morelli e estrelado por Lima Duarte, com tema histórico -a Revolução Federalista ocorrida no governo Floriano Peixoto.
Diferentemente da reação do público, a crítica presente ao Festival de Gramado se dividiu -radicalmente- a respeito do filme de Carvana.

José Lewgoy
"Apolônio Brasil" tem a última participação no cinema do ator José Lewgoy (1920-2003) e credencia a um Kikito Marco Nanini, intérprete do papel-título, o de um músico cuja carreira perpassa a noite carioca entre as décadas de 50 e 80, do universo dos bordéis ao cotidiano boêmio de um piano-bar.
Carvana diz que o filme é sua homenagem à chanchada, gênero em que iniciou a carreira de ator, há 50 anos: "Sempre namorei a idéia de fazer um filme que homenageasse a chanchada, tendo a música não como adorno, mas como personagem".
O diretor afirma que, por meio da história (ficcional) desse músico, conseguiu realizar seu sonho, com um imprevisto: "A história tem muito humor, mas é mais carregada de emoção do que eu esperava".

Realismo fantástico
A sessão anterior a "Apolônio Brasil" no programa da quinta foi do mexicano "Cuentos de Hadas para Dormir Cocodrilos" (Contos de Fadas para Adormecer Crocodilos), com a presença do diretor Ignacio Ortíz e dos atores Arturo Ríos e Luisa Huertas.
Com elementos de realismo fantástico, o filme acompanha a saga de uma família atingida por uma maldição que faz com que, em cada uma de suas gerações, ocorra um fratricídio.
"Comecei a fazer cinema porque, um dia, assisti a um filme chamado "Antonio das Mortes", de Glauber Rocha [título internacional de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro']. Estou orgulhoso de estar aqui, porque considero o cinema brasileiro um dos melhores do mundo", disse o diretor à platéia, nesse momento com muitos lugares vazios.
No saguão, porém, o movimento de convidados e caçadores de autógrafos era intenso e ruidoso, repetindo uma cena vista em todos os dias do festival.
"Fizemos uma viagem longa para estar aqui. Lamento muito que o cinema não esteja cheio, mas agradeço aos que vieram", disse a atriz Luisa Hertas.


A jornalista Silvana Arantes viajou a convite da organização do Festival de Gramado


Texto Anterior: Artes plásticas: Exposição de Laura Vinci tem mesa-redonda
Próximo Texto: Notas
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.