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Sinfônica de Santos abre Festival Música Nova
Orquestra executa partituras para teatro e cinema hoje, no Sesc Vila Mariana
Mais antigo evento das Américas dedicado à música contemporânea tem convidados internacionais e apresentações gratuitas
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Partituras para teatro e cinema são o tema do concerto da
Orquestra Sinfônica Municipal
de Santos, que abre hoje, no
Sesc Vila Mariana, o mais antigo evento dedicado à música
contemporânea das Américas:
o Festival Música Nova, que vai
até 13 de setembro.
Beatriz Roman (piano) é a solista convidada, executando o
"Concerto Soirée", do italiano
Nino Rota (1911-1979), autor da
trilha de "O Poderoso Chefão",
de Coppola, e principal parceiro musical de Federico Fellini
(1920-1993). Diretor-executivo
do festival, ao lado de Lorenzo
Mammì, Luiz Gustavo Petri é
também o regente da apresentação, que terá, de sua autoria,
música de cena para a peça "Pequenos Burgueses", do russo
Maksim Gorki (1868-1936).
Outro destaque é a trilha sonora que Gilberto Mendes, 84,
diretor artístico do festival, escreveu para o filme "O Dono do
Mar", de seu filho Odorico
Mendes, baseado em romance
de José Sarney.
"Morando em Santos, eu sou
um homem do mar", diz o compositor. "Citei na trilha trechos
de outras obras "marítimas" minhas, como "Vento Noroeste" e
"Ulisses em Copacabana Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour"."
Em sua 42ª edição, o festival
foi criado por Mendes em 1962
para divulgar a produção musical da emergente vanguarda estética que, em sintonia com o
movimento da poesia concreta
em São Paulo e na esteira dos
princípios enunciados por
Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen nos cursos de verão da
cidade alemã de Darmstadt,
lançaria, no ano seguinte, o manifesto música nova.
Ele dedica o festival deste
ano a outro signatário do manifesto, o regente, compositor e
arranjador Rogério Duprat
(1932-2006), figura de ponta do
movimento tropicalista. "Rogério se distinguia pela rara formação intelectual e filosófica.
Era um velho companheiro comunista", afirma.
Com entrada franca em todos os concertos e uma programação dividida entre Santos
em São Paulo, em espaços como o Auditório Ibirapuera, o
Masp, a USP e as unidades Vila
Mariana e Consolação do Sesc,
a edição deste ano do Música
Nova traz algumas atrações internacionais de renome.
É o caso, por exemplo, do
Quarteto Arditti, grupo britânico que, desde 1974, tem se distinguido pelo extremo apuro
com que interpreta a produção
musical contemporânea e que
faz, nos dias 12 e 13 de setembro, os concertos de encerramento do festival -um deles,
incluindo obras dos brasileiros
Alexandre Lunsqui, Felipe Lara e Flo Meneses.
Outro destaque é o concerto
comemorativo dos 80 anos do
compositor francês Pierre
Henry, pioneiro da música concreta (criada em estúdio a partir da manipulação de sons naturais, em oposição à música
eletrônica, que era feita exclusivamente de sons sintéticos).
Henry não vem ao Brasil,
mas envia o filho, David Henry,
e o principal colaborador artístico, Etienne Bultingaire, para
a apresentação de obras de sua
autoria no Auditório Ibirapuera, dias 5 e 6 do mês que vem.
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SANTOS
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, São Paulo, tel. 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: entrada franca
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