São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sinfônica de Santos abre Festival Música Nova

Orquestra executa partituras para teatro e cinema hoje, no Sesc Vila Mariana

Mais antigo evento das Américas dedicado à música contemporânea tem convidados internacionais e apresentações gratuitas

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Partituras para teatro e cinema são o tema do concerto da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos, que abre hoje, no Sesc Vila Mariana, o mais antigo evento dedicado à música contemporânea das Américas: o Festival Música Nova, que vai até 13 de setembro.
Beatriz Roman (piano) é a solista convidada, executando o "Concerto Soirée", do italiano Nino Rota (1911-1979), autor da trilha de "O Poderoso Chefão", de Coppola, e principal parceiro musical de Federico Fellini (1920-1993). Diretor-executivo do festival, ao lado de Lorenzo Mammì, Luiz Gustavo Petri é também o regente da apresentação, que terá, de sua autoria, música de cena para a peça "Pequenos Burgueses", do russo Maksim Gorki (1868-1936).
Outro destaque é a trilha sonora que Gilberto Mendes, 84, diretor artístico do festival, escreveu para o filme "O Dono do Mar", de seu filho Odorico Mendes, baseado em romance de José Sarney.
"Morando em Santos, eu sou um homem do mar", diz o compositor. "Citei na trilha trechos de outras obras "marítimas" minhas, como "Vento Noroeste" e "Ulisses em Copacabana Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour"."
Em sua 42ª edição, o festival foi criado por Mendes em 1962 para divulgar a produção musical da emergente vanguarda estética que, em sintonia com o movimento da poesia concreta em São Paulo e na esteira dos princípios enunciados por Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen nos cursos de verão da cidade alemã de Darmstadt, lançaria, no ano seguinte, o manifesto música nova.
Ele dedica o festival deste ano a outro signatário do manifesto, o regente, compositor e arranjador Rogério Duprat (1932-2006), figura de ponta do movimento tropicalista. "Rogério se distinguia pela rara formação intelectual e filosófica.
Era um velho companheiro comunista", afirma. Com entrada franca em todos os concertos e uma programação dividida entre Santos em São Paulo, em espaços como o Auditório Ibirapuera, o Masp, a USP e as unidades Vila Mariana e Consolação do Sesc, a edição deste ano do Música Nova traz algumas atrações internacionais de renome.
É o caso, por exemplo, do Quarteto Arditti, grupo britânico que, desde 1974, tem se distinguido pelo extremo apuro com que interpreta a produção musical contemporânea e que faz, nos dias 12 e 13 de setembro, os concertos de encerramento do festival -um deles, incluindo obras dos brasileiros Alexandre Lunsqui, Felipe Lara e Flo Meneses.
Outro destaque é o concerto comemorativo dos 80 anos do compositor francês Pierre Henry, pioneiro da música concreta (criada em estúdio a partir da manipulação de sons naturais, em oposição à música eletrônica, que era feita exclusivamente de sons sintéticos).
Henry não vem ao Brasil, mas envia o filho, David Henry, e o principal colaborador artístico, Etienne Bultingaire, para a apresentação de obras de sua autoria no Auditório Ibirapuera, dias 5 e 6 do mês que vem.


ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL DE SANTOS
Quando:
hoje, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, São Paulo, tel. 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: entrada franca


Texto Anterior: Crítica/"Possuidos": Diretor de "Exorcista", Friedkin volta à grande forma em suspense
Próximo Texto: "Somos musas, mesmo", afirma Thalma de Freitas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.