São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Crítica

Casa Santos conquista pelo agradável ar português, mas falha no bacalhau

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Creio que todo bairro de São Paulo já teve um restaurante como a Casa Santos. E todos mereceriam ainda ter. Um lugar simples e acolhedor, com receitas antigas, um ar português que nos atém um pouco às raízes, onde dá vontade de ir a pé, comer fartamente e ver os concidadãos da redondeza. Trocar uma palavrinha com o proprietário que está lá há décadas e voltar para casa mansamente -levando a quentinha onde inevitavelmente estarão os restos das gigantescas porções.
É claro que aquela luz fria e intensa poderia ser eliminada do salão -garanto que antigamente a iluminação era mais amarela, mais calorosa. Aquele aparelho de TV poderia também nos poupar das novelas de todo dia (não basta a vida?).
Também me pergunto se não poderíamos abrir mão das porções gigantescas e desfrutar de pratos individuais (ou para dois -um filé à parmigiana para dois serve quatro!).
E é preciso também considerar que a especialidade mais tradicional da casa -o bacalhau, em vários formatos- não está com essa bola toda. Não que o ingrediente seja negligenciado: as postas são graúdas e de boa procedência.
Mas são raríssimos os lugares da cidade onde ela é apropriadamente demolhada, ao ponto exato de ficar tenra e apenas temperada pelo sal residual. A Casa Santos não está entre eles (em que pese o fato de que seu bolinho de bacalhau é de primeira -já do pastel, fuja).
Se o famoso bacalhau da Casa Santos não vale a viagem, boa parte de seu cardápio vale sim, pelo menos pelo preço que é cobrado e pela circunstância que os cerca, mantida pelo português Nicolau Marques Osório, 77, e seus filhos. O restaurante nasceu em 1946; antes era uma casa de secos e molhados fundada pela família Santos, à qual Nicolau se associou até que, oito anos atrás, assumiu o controle da casa.
É pedir, no almoço, carne assada com purê, dobradinha com feijão-branco, rabada com polenta; ou, a qualquer hora, sem gastar muito, pescada à doré com legumes, cabrito refogado com batatas, coelho à caçadora, lasanha ao forno. Os bons tempos ainda estão por ali.


josimar@basilico.com.br

CASA SANTOS

Avaliação: regular
Endereço: r. Conselheiro Dantas, 92, Canindé, tel. 0/xx/11/3228-5971
Funcionamento: seg. a sáb., das 11h30 à 0h; dom., das 11h30 às 17h
Ambiente: gostosa cara de tasca portuguesa
Serviço: no velho estilo, lento e ameno
Vinhos: oferta mínima, precária
Estacionamento com manobrista: grátis
Cartões: todos
Preços: couvert, R$ 1,90; entradas, R$ 1,80 a R$ 29,90; pratos principais, R$ 19,90 a R$ 195 (bacalhau para 4 pessoas); sobremesas, R$ 4 a R$ 12


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