São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Avilés se revitaliza com obra de Niemeyer

Centro cultural de R$ 90 milhões, com abertura em 2011, põe município espanhol no mapa da cultura europeia

Obra ainda inacabada atraiu nomes como Brad Pitt e Woody Allen, um dos quatro integrantes do conselho do centro

ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A AVILÉS
(ESPANHA)


Brad Pitt apareceu em um domingo qualquer. Kevin Spacey e Sam Mendes passaram pela cidade, assim como Paulo Coelho e Omar Sharif.
No livro de visitas de Avilés, município de 84 mil habitantes no norte da Espanha, cabem ainda o Nobel de literatura Wole Soyinka e o "pai da internet" Vinton Cerf.
O ímã que atrai esses famosos gravita nos prédios brancos que irromperam por ali, batizados com um nome que muitos moradores não sabem repetir. "Eu o conheço de revistas, sei que é um senhor mais velho", diz Maria Teresa Martínez, que trabalha diante dos edifícios.
Não seria possível mesmo tê-lo visto: Oscar Niemeyer nunca foi ao centro cultural que desenhou e que está sendo erguido em Avilés. Há esperança de que ele venha em 15 de dezembro, já que a cidade quer celebrar seu 103º aniversário com o fim da obra.
Só que é tamanha a ansiedade para ver a única criação de Niemeyer na Espanha que os portões foram abertos já no sábado passado ao público, pela primeira vez. Duas mil pessoas se cadastraram para visitar as obras.
Mesmo antes da abertura, em 2011, famosos se comprometeram a promover o centro cultural de diferentes modos -Woody Allen, por exemplo, é um dos quatro membros do conselho que ajudará na programação.
"Estou muito satisfeito com o fato de esse projeto ter agradado a tanta gente e com a perspectiva que o conjunto abre de pôr em diálogo as diferentes formas de comunicação artística", disse Niemeyer à Folha. "É o meu projeto mais relevante na Europa nos últimos dez anos."
Os espanhóis investiram três anos e 40 milhões (R$ 90 milhões) numa ideia que remonta a 1989, quando o arquiteto ganhou o prêmio Príncipe de Astúrias.
Em 2006, no 25º aniversário da condecoração, os vencedores foram convidados a participar de algum evento comemorativo. Niemeyer fez uma contribuição diferente: entregou o projeto de um centro cultural.
O governo asturiano bancou a ideia e indicou uma cidade que buscava se reencontrar após o encolhimento de sua indústria siderúrgica.
Como no caso do Guggenheim, em Bilbao, escolheu-se em Avilés um terreno ao lado da ria (braço de mar) que se pretendia revitalizar.
"Está demonstrado que uma grande obra arquitetônica pode transformar um espaço urbano", diz Natalio Grueso, diretor do centro. "O norte da Espanha pode se converter no eixo cultural mais importante da Europa."
Inaugurado o centro, Avilés entrará na segunda etapa de sua recuperação portuária. Uma obra ficará aos cuidados de outra estrela: o arquiteto Norman Foster.


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