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Avilés se revitaliza com obra de Niemeyer
Centro cultural de R$ 90 milhões, com abertura em 2011, põe município espanhol no mapa da cultura europeia
Obra ainda inacabada atraiu nomes como Brad Pitt e Woody Allen, um dos quatro integrantes do conselho do centro
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A AVILÉS
(ESPANHA)
Brad Pitt apareceu em um
domingo qualquer. Kevin
Spacey e Sam Mendes passaram pela cidade, assim como
Paulo Coelho e Omar Sharif.
No livro de visitas de Avilés, município de 84 mil habitantes no norte da Espanha, cabem ainda o Nobel de
literatura Wole Soyinka e o
"pai da internet" Vinton Cerf.
O ímã que atrai esses famosos gravita nos prédios
brancos que irromperam por
ali, batizados com um nome
que muitos moradores não
sabem repetir. "Eu o conheço
de revistas, sei que é um senhor mais velho", diz Maria
Teresa Martínez, que trabalha diante dos edifícios.
Não seria possível mesmo
tê-lo visto: Oscar Niemeyer
nunca foi ao centro cultural
que desenhou e que está sendo erguido em Avilés. Há esperança de que ele venha em
15 de dezembro, já que a cidade quer celebrar seu 103º aniversário com o fim da obra.
Só que é tamanha a ansiedade para ver a única criação
de Niemeyer na Espanha que
os portões foram abertos já
no sábado passado ao público, pela primeira vez. Duas
mil pessoas se cadastraram
para visitar as obras.
Mesmo antes da abertura,
em 2011, famosos se comprometeram a promover o centro cultural de diferentes modos -Woody Allen, por
exemplo, é um dos quatro
membros do conselho que
ajudará na programação.
"Estou muito satisfeito
com o fato de esse projeto ter
agradado a tanta gente e com
a perspectiva que o conjunto
abre de pôr em diálogo as diferentes formas de comunicação artística", disse Niemeyer à Folha. "É o meu projeto mais relevante na Europa nos últimos dez anos."
Os espanhóis investiram
três anos e 40 milhões (R$
90 milhões) numa ideia que
remonta a 1989, quando o arquiteto ganhou o prêmio
Príncipe de Astúrias.
Em 2006, no 25º aniversário da condecoração, os vencedores foram convidados a
participar de algum evento
comemorativo. Niemeyer fez
uma contribuição diferente:
entregou o projeto de um
centro cultural.
O governo asturiano bancou a ideia e indicou uma cidade que buscava se reencontrar após o encolhimento
de sua indústria siderúrgica.
Como no caso do Guggenheim, em Bilbao, escolheu-se em Avilés um terreno ao
lado da ria (braço de mar)
que se pretendia revitalizar.
"Está demonstrado que
uma grande obra arquitetônica pode transformar um espaço urbano", diz Natalio
Grueso, diretor do centro. "O
norte da Espanha pode se
converter no eixo cultural
mais importante da Europa."
Inaugurado o centro, Avilés entrará na segunda etapa
de sua recuperação portuária. Uma obra ficará aos cuidados de outra estrela: o arquiteto Norman Foster.
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