São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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MÚSICA

Vendas mundiais de CD caíram 5%; com exceção da Australásia, todas as regiões amargaram encolhimentos

Brasil acumula perda de 24,7% de mercado musical em 2001

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Publicado só agora, o balanço anual da indústria fonográfica brasileira escancara o agravamento da crise no setor a partir de 2001: o Brasil, que já foi o sexto mercado musical do mundo, caiu no ano passado para 12º, e a América Latina lidera a queda do mercado mundial de disco, com encolhimento de 21,5% do faturamento de 2000 para 2001.
Acima da média da própria América Latina, o Brasil acumula perda de 24,7 % de faturamento em relação a 2000. Após especulações de que a pirataria ocuparia até 70% do mercado nacional, a taxa de pirataria foi estimada oficialmente em 53%.
O Brasil perde números também no quesito do combate à pirataria. Em relação a 2000, tiveram leve oscilação negativa as quantidades de operações policiais, de apreensões de CDs e cassetes e de pessoas indiciadas criminalmente.
No todo, o mundo experimentou uma redução de vendas de CDs equivalente a 6,5% de unidades e 5% em dinheiro. Com exceção da Australásia (com aumento de 10,9 %), todas as regiões do planeta amargaram encolhimentos (leia quadro à esquerda).
A Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), que agrega as maiores gravadoras do país e confeccionou o balanço, culpa a pirataria comercial e a internet pelos números negativos.
Fora dos vários milhões de discos vendidos por determinados artistas em meados dos anos 90, o título brasileiro mais vendido de 2001 foi o "Acústico MTV" de Roberto Carlos, que não passou da classificação de "disco de diamante" (1 milhão de cópias vendidas).
Entre os dez mais do Brasil estão também, nesta ordem, "Só para Baixinhos 2", de Xuxa, "Acústico ao Vivo", de Bruno & Marrone, "Deixa Entrar...", do Falamansa, "Zezé di Camargo & Luciano", de Zezé di Camargo & Luciano, "Ao Vivo", de Daniel, "Paz - Ao Vivo", de padre Marcelo Rossi, a coletânea "Perfil", de Adriana Calcanhotto, e "Todas as Coisas do Mundo", de Leonardo.
Em parte inédita da pesquisa da ABPD, o perfil do consumidor foi investigado. Demonstrou-se que, mesmo com o forte apelo de preço dos piratas, a classe C (renda familiar média de R$ 844 por mês) consome 35% do material fornecido pela indústria, ficando atrás apenas da classe B (renda de R$ 2.030 por mês), com 39%.
Em termos de idade, as faixas etárias de 18 a 25 anos e de 26 a 35 anos lideram o consumo, com fatias de 25% cada uma. Os consumidores de 36 a 45 anos são 17% do total, e os de 12 a 17, 14%. O consumo decresce entre 46 e 55 (11%) e acima de 56 anos (8%).
Apesar dos reveses, a arrecadação de direitos autorais por execução pública de canções sofreu um expressivo crescimento em 2001, de 39,4% em relação a 2000.
Mesmo com o cenário sombrio, a ABPD projeta recuperação ainda em 2002, prevendo um crescimento de 2,7% em relação a 2001. A instituição não falou à Folha para justificar em que se baseia para fincar a projeção otimista.


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