São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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DOCUMENTÁRIO

Cultura faz retrato poético de atleta

BRUNO YUTAKA SAITO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A revolução não está nas ruas. Para a nadadora santista Renata Agondi (1963-1988), a rebelião é interna, e a tensão, voraz, quase autodestrutiva. O documentário "Renata", de Rudá de Andrade, 72, conta a história dessa esportista desgarrada que sofreu as angústias existenciais dos 80. Com pré-estréia para convidados hoje, no Cinesesc (tel. 0/xx/11/ 3082-0213), e exibição na TV Cultura ainda sem data, a produção -uma parceria entre a Unisanta e a emissora- é baseada no livro "Revolution 9", do presidente do Santos, Marcelo Teixeira, 38.
Diretor de esporte da Universidade Santa Cecília na época em que conviveu com Renata, Teixeira escreveu o livro tendo como base o diário íntimo da atleta, também chamado "Revolution 9" -ela era fanática pelos Beatles.
"Muitos amigos diziam que sua história rendia um belo filme, com todos os ingredientes de um melodrama", diz Teixeira.
Narrativa trágica: em 88, Renata morreu de hipotermia (esfriamento do corpo) após tentar atravessar, a nado, o Canal da Mancha. No documentário, repleto de imagens de arquivo, o foco amplia-se em outras áreas. Ela é retratada através da leitura de seu diário -feita pela atriz Ester Góes- como uma jovem com ideais políticos e libertários.
"Ela sempre estava insatisfeita, sempre queria subir um degrau a mais", diz Rudá de Andrade, que anuncia estar se despedindo do cinema com a obra.
No retrato do cineasta, entra muita poesia e música. Fica evidente o lado depressivo e contestador da nadadora, que encontrava no esporte uma maneira de libertar seu "grito primal" -termo difundido pelo Beatles.


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