INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Magnólia" (TNT, 22h) é um desses filmes em que vários personagens têm a vida entrelaçada por um fato comum. No caso, moram na mesma rua ou região.
Esse tipo de filme tem um inconveniente para resenhistas: como contar sua história, se ela está dispersa entre os vários personagens, do machista ao pai que está à morte, passando pelo homem falido?
O que os une fora a geografia? Bem, talvez seja o desejo do diretor Paul Thomas Anderson de vê-los juntos, de criar uma atmosfera tensa, de fazer essa atmosfera tão estranha e tensa que, quando uma chuva de sapos atinge Los Angeles, parece a coisa mais normal do mundo.
No mais, belas interpretações, de Jason Robards e William H. Macy, Tom Cruise e Julianne Moore, garantem a noite.

DOCUMENTÁRIO

"Scratch" resgata cenas históricas do hip hop

ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA

A cultura hip hop não seria a metade do que é hoje se, no final dos anos 70, o jovem DJ GrandWizzard Theodore não descobrisse o quanto era interessante o som produzido pelo movimento de parar e voltar o disco em movimento. Essa técnica de arranhar o vinil é o tema de "Scratch", documentário dirigido pelo norte-americano Doug Pray, que o GNT exibe hoje, às 21h30.
Manipulando a câmera com a mesma agilidade de um disc-jóquei fazendo scratches, Pray contextualiza a evolução do "turntablism", a arte de controlar os toca-discos, e sua influência na maneira como os MCs passaram a rimar e até nos passos dos b.boys (dançarinos de break).
A história é contada em entrevistas bem-humoradas por figurões como GrandWizard Theodore, Afrika Bambaataa, Mix Master Mike (Beastie Boys), Cut Chemist (Jurassic 5), Shadow, Premier (Gang Starr), Babu (Dilated Peoples), Jazzy Jay e Q-Bert, entre outros.
Resultado de uma apurada pesquisa, que lhe rendeu o grande prêmio do júri no Festival de Sundance (2001), "Scratch" resgata cenas históricas, como as primeiras festas de rua promovidas pelo coletivo Zulu Nation, de Afrika Bambaataa, no fim da década de 70, ou a apresentação de Herbie Hancock, no Grammy de 1984, com Grand Mixer DXT remixando ao vivo a música "Rockit". A imagem é lembrada por DJs como Mix Master Mike, Babu e Cut Chemist, que credenciam à ela seu interesse pelos scratches.
O documentário registra ainda performances impressionantes feitas durante batalhas de DJs, como os malabarismos de Roc Raida -do grupo X-Ecutioners-, no DMC de 1996, ou as apresentações do trio Mix Master Mike, Q-Bert e Shortcuts -os Invisible Scratch Piklz-, além de shows do Gangstarr e Jurassic 5. De primeira e imperdível.