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Festival do Rio abre seu enorme boca-a-boca
Gigantismo aparece na abertura, que teve recepção fria para "Dália Negra"
Cineastas e produtores apostam na Première Brasil como a maior vitrine do país para seus novos longas-metragens e documentários
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O número oficial de filmes é
380, mas houve quem subisse
no palco do Odeon BR, na quinta-feira, para enfatizar uma
"correção": são "cerca de 400".
Para os promotores do Festival
do Rio, tudo tem de ser gigante,
a começar pela noite de abertura, que teve gente sentada nas
escadas para ver "Dália Negra",
de Brian De Palma, e se espremendo no cine Palácio para a
boca-livre inaugural.
"O festival tem o tamanho
que condiz com um público de
200 mil pessoas e com o objetivo de atingir toda a cidade. Há
todo tipo de filme para todo tipo de espectador", disse Ilda
Santiago, do Grupo Estação,
que organiza a mostra.
Para ela, é "um luxo" ter tantos (50, entre curtas, longas de
ficção e documentários) filmes
nacionais recém-concluídos na
Première Brasil. Para os cineastas e produtores, é quase
uma necessidade.
"Hoje, é a vitrine mais interessante para filmes inéditos.
Dá uma grande visibilidade. Se
a recepção não for boa, faz parte do jogo", disse Flavio R.
Tambellini, diretor e produtor
de "O Passageiro - Segredos de
Adulto", que terá na segunda-feira sua estréia.
Bianca de Felippes, responsável pelas trajetórias de "Carlota Joaquina" e outros filmes,
afirma que a exibição em festivais, em especial no do Rio, garante uma divulgação que nenhum pacote de comerciais de
TV pode dar.
"Poupa na época da exibição
comercial o tempo do boca-a-boca, porque esse já foi feito
nos festivais. Isso aconteceu no
"Janela da Alma" [de Walter
Carvalho e João Jardim, de
2002]. A Première é muito importante e a Mostra [Internacional de Cinema] de São Paulo
também", avaliou Bianca, que
lança no próximo sábado o documentário "Oscar Niemeyer
-A Vida É um Sopro", de Fabiano Maciel.
Para o diretor Cacá Diegues,
os eventos das duas maiores cidades do país têm perfis bem
diferentes, o que permite a eles
conviver -a mostra paulista
acontecerá entre 20 de outubro
e 2 de novembro.
"A de São Paulo tem uma característica mais experimental,
é mais focada e de alto nível. A
do Rio é mais ecumênica, atinge toda a cidade. Estrear um filme aqui é importante para a
carreira comercial dele no Rio",
disse Diegues, que fará em 1º de
outubro a estréia de "Nenhum
Motivo Explica a Guerra", documentário sobre o grupo
AfroReggae.
Diegues também está sentindo o reverso da fortuna: seu filme "O Maior Amor do Mundo"
perdeu salas de exibição em
função do festival, o que prejudicará sua bilheteria no Rio.
Para a carreira de "Dália Negra", que estréia no Brasil daqui
a duas semanas, a escolha para
abrir o festival não deverá ser
decisiva para o seu sucesso.
O sinuoso filme de duas horas, estrelado por Scarlett Johansson e Josh Hartnett, foi
saudado com poucos aplausos
pelo público de convidados. Na
festa -que teve escola de samba e mulheres encarnando personagens famosas-, eram fartas as queixas contra a forma
com que Brian De Palma usou
os clichês do cinema noir.
A principal estréia de hoje é
"Volver", brilhante filme de Pedro Almodóvar que deve ser sucesso de público. O longa estrelado por Penélope Cruz entra
em circuito em novembro.
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