São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Festival do Rio abre seu enorme boca-a-boca

Gigantismo aparece na abertura, que teve recepção fria para "Dália Negra"

Cineastas e produtores apostam na Première Brasil como a maior vitrine do país para seus novos longas-metragens e documentários


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O número oficial de filmes é 380, mas houve quem subisse no palco do Odeon BR, na quinta-feira, para enfatizar uma "correção": são "cerca de 400". Para os promotores do Festival do Rio, tudo tem de ser gigante, a começar pela noite de abertura, que teve gente sentada nas escadas para ver "Dália Negra", de Brian De Palma, e se espremendo no cine Palácio para a boca-livre inaugural.
"O festival tem o tamanho que condiz com um público de 200 mil pessoas e com o objetivo de atingir toda a cidade. Há todo tipo de filme para todo tipo de espectador", disse Ilda Santiago, do Grupo Estação, que organiza a mostra.
Para ela, é "um luxo" ter tantos (50, entre curtas, longas de ficção e documentários) filmes nacionais recém-concluídos na Première Brasil. Para os cineastas e produtores, é quase uma necessidade.
"Hoje, é a vitrine mais interessante para filmes inéditos. Dá uma grande visibilidade. Se a recepção não for boa, faz parte do jogo", disse Flavio R. Tambellini, diretor e produtor de "O Passageiro - Segredos de Adulto", que terá na segunda-feira sua estréia.
Bianca de Felippes, responsável pelas trajetórias de "Carlota Joaquina" e outros filmes, afirma que a exibição em festivais, em especial no do Rio, garante uma divulgação que nenhum pacote de comerciais de TV pode dar.
"Poupa na época da exibição comercial o tempo do boca-a-boca, porque esse já foi feito nos festivais. Isso aconteceu no "Janela da Alma" [de Walter Carvalho e João Jardim, de 2002]. A Première é muito importante e a Mostra [Internacional de Cinema] de São Paulo também", avaliou Bianca, que lança no próximo sábado o documentário "Oscar Niemeyer -A Vida É um Sopro", de Fabiano Maciel.
Para o diretor Cacá Diegues, os eventos das duas maiores cidades do país têm perfis bem diferentes, o que permite a eles conviver -a mostra paulista acontecerá entre 20 de outubro e 2 de novembro.
"A de São Paulo tem uma característica mais experimental, é mais focada e de alto nível. A do Rio é mais ecumênica, atinge toda a cidade. Estrear um filme aqui é importante para a carreira comercial dele no Rio", disse Diegues, que fará em 1º de outubro a estréia de "Nenhum Motivo Explica a Guerra", documentário sobre o grupo AfroReggae.
Diegues também está sentindo o reverso da fortuna: seu filme "O Maior Amor do Mundo" perdeu salas de exibição em função do festival, o que prejudicará sua bilheteria no Rio.
Para a carreira de "Dália Negra", que estréia no Brasil daqui a duas semanas, a escolha para abrir o festival não deverá ser decisiva para o seu sucesso.
O sinuoso filme de duas horas, estrelado por Scarlett Johansson e Josh Hartnett, foi saudado com poucos aplausos pelo público de convidados. Na festa -que teve escola de samba e mulheres encarnando personagens famosas-, eram fartas as queixas contra a forma com que Brian De Palma usou os clichês do cinema noir.
A principal estréia de hoje é "Volver", brilhante filme de Pedro Almodóvar que deve ser sucesso de público. O longa estrelado por Penélope Cruz entra em circuito em novembro.


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