São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011 |
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Moda "limpa" Londres para Olimpíada Após confrontos de agosto, desfiles tentam mostrar que a cidade pode receber atletas e turistas de forma segura Prefeito Boris Johnson aposta no universo fashion para varrer o trauma deixado por onda de violência
VIVIAN WHITEMAN ENVIADA ESPECIAL A LONDRES A temporada britânica de desfiles primavera-verão, que terminou na quarta, em Londres, foi marcada por esforços das autoridades em usar a moda para "limpar" a imagem do país para a Olimpíada de 2012. Depois dos distúrbios de agosto, chamados de "riots" pela imprensa britânica, a capital inglesa e as cidades vizinhas foram questionadas sobre sua capacidade de conter a agressividade de seus jovens e receber atletas e turistas com segurança. "Se o mercado de moda puder ajudar os jovens de Londres nestes tempos difíceis, nós levantaremos os fundos públicos necessários para contribuir com essa iniciativa e combater o desemprego", disse o prefeito de Londres, Boris Johnson, na abertura da semana de moda. Johnson fez outras menções aos "riots", destacando a boa atuação da polícia, para voltar depois a bater na tecla da moda como "canal de mudança" para a juventude. A abertura dos desfiles teve ainda atletas olímpicos como o ginasta Louis Smith e a pentatleta Heather Fell. A Olimpíada, aliás, foi escolhida como tema de inspiração da temporada. "Temos que espantar esse sentimento ruim deixado pela onda de violência, e a moda vai ajudar", disse Harold Tillman, diretor do Conselho de Moda Britânico. A Adidas, um dos maiores patrocinadores da Olimpíada, foi anunciada como parceira do conselho em um projeto dedicado aos jovens. A parceria caiu bem para a marca, cujas três listras estamparam os jornais ingleses durante os distúrbios de agosto: muitos dos saqueadores foram fotografados vestindo roupas da grife. Um dos acusados levado a julgamento vestiu um agasalho completo da marca diante do juiz. Procurada repetidamente pela Folha, a assessoria da Adidas não comentou o caso até o fechamento desta edição. A rede que contabilizou os maiores prejuízos durante os distúrbios foi a JD Sports, especializada em coleções top de grifes como Adidas e Nike. Segundo comunicado divulgado anteontem, a cadeia perdeu 700 mil libras (quase R$ 2 milhões) nos saques, incluindo mercadorias roubadas e destruição de lojas. Embora a maioria das coleções já estivesse pronta em agosto, quando ocorreram os distúrbios, "coincidências" aconteceram. A "primavera egípcia" da Topshop, cadeia de fast fashion inglesa, apostou nos capuzes estilizados em sua coleção inspirada numa espécie de Cleópatra esportiva. O termo "hoodies" (encapuzados, em inglês) virou sinônimo dos participantes dos saques, já que boa parte deles usava jaquetas e moletons com capuz para evitar sua identificação. A Mulberry fez uma versão açucarada da blusa com capuz, que virou objeto de fetiche e símbolo de subversão em Londres. Uma pesquisa divulgada nesta semana no Reino Unido diz que 40% dos britânicos acham que pais deveriam proibir os adolescentes de usar capuz. Nas ruas mais badaladas da cidade e nas áreas de comércio, como a Oxford Street, os capuzes estão por todo lado. Em contrapartida, foram proibidos em vários estabelecimentos. "Depois do que aconteceu, a gerência achou melhor proibir", disse um segurança do clube e restaurante Aqua, no Soho londrino. Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Cidades brigam por datas de eventos de moda Índice | Comunicar Erros |
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