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Italiano investe na fusão de jazz e soul ao saxofone
Artista, que tem hard bop e soul jazz dos anos 50 e 60 como referências, inclui nos shows faixa inspirada em Ivan Lins
Stefano di Battista faz duas apresentações no Tim Festival: sexta em São Paulo e sábado no Rio; novo CD acaba de ser lançado no país
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Uma maneira de viver, de
amar." É assim que o saxofonista e compositor italiano Stefano di Battista, 38, define o gênero musical ao qual vem se dedicando há duas décadas. Um
dos músicos mais conceituados
na cena atual do jazz europeu,
ele fará duas apresentações no
Tim Festival: sexta-feira, em
São Paulo, e sábado, no Rio de
Janeiro.
A vinda de Battista coincide
com o lançamento no país de
"Trouble Shootin'", seu quinto
álbum pelo selo de jazz Blue
Note. No repertório, ao lado de
oito composições próprias,
aparecem temas clássicos dos
norte-americanos Horace Silver, Bobby Timmons e Kenny
Burrell, que indicam vínculos
do italiano com o hard bop e o
soul jazz dos anos 50 e 60.
"Para mim foi muito prazerosa essa experiência de gravar
alguns blues com um órgão
Hammond, sem baixo. Conversei bastante com [o produtor]
Michael Cuscuna sobre aquela
época tão especial do jazz. Foi
muito divertido", conta o saxofonista.
"Gravamos esse álbum "ao vivo", em apenas um take. Foi ótimo porque assim a música soa
mais real", observa Battista,
que trará ao Brasil um quarteto
de formação pouco comum: o
italiano Fabrizio Bosso (trompete), o francês Baptiste Trotignon (órgão Hammond B3) e
o norte-americano Greg Hutchinson (bateria), que esteve
aqui há pouco com Joshua Redman.
Para explicar a ausência do
guitarrista norte-americano
Russell Malone, que participou
de várias faixas do álbum, como
bom italiano que é, Battista não
perde a chance de fazer um comentário levemente malicioso.
"Russsell me deixou na mão
para acompanhar a Diana
Krall, mas eu compreendo o
porquê de ele trocar um saxofonista por uma cantora", alfineta
o músico.
À brasileira
Entre os temas do novo álbum que Battista deve tocar no
Tim Festival certamente estará
"Echoes of Brazil", uma bossa
nova inspirada na música de
Ivan Lins. "Nos tornamos amigos uns cinco anos atrás, em
Roma. Fiquei completamente
apaixonado pela música do
Ivan", derrete-se.
Quando o assunto se volta
para a polêmica levantada no
ano passado pelo crítico britânico Stuart Nicholson, que afirmou que o jazz norte-americano tem sido superado pelo jazz
europeu em termos de inventividade, Battista é um pouco
mais reticente.
"Essa é uma questão difícil.
Sem dúvida, o jazz europeu se
fortaleceu bastante, nos últimos anos, mas há muitos músicos de jazz dos EUA com novas
idéias, que também procuram
algo novo. Acho que os jazzistas
europeus e os norte-americanos estão no mesmo nível hoje", conclui.
TROUBLE SHOOTIN
Artista: Stefano di Battista
Gravadora: EMI/Blue Note
Quanto: R$ 30, em média
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