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Homenagem
Film & Arts relembra Deborah Kerr
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Deborah Kerr, atriz que morreu no último dia 16, aos 86
anos, era uma mulher de classe.
Não a classe aristocrática de
uma Grace Kelly, por exemplo,
mas a de uma burguesa que aspira à respeitabilidade.
Esse estilo austero tinha não
raro que conviver com a afluência anárquica do desejo, como
será possível verificar no filme
que abre hoje a homenagem
que o canal Film & Arts faz à
atriz.
"A um Passo da Eternidade" (20h) é o filme de Fred Zinnemann que ficou famoso sobretudo pelo escândalo do beijo na praia envolvendo a mulher de um oficial num campo
de treinamento para a guerra.
A mulher, no caso, era Kerr; o
amante, Burt Lancaster -e o
filme fez um sucesso louco nos
cinemas.
A respeitabilidade também é
um ponto de honra para a estilista que ela faz em "Bom Dia
Tristeza" (22h), do diretor Otto Preminger.
Ela vai passar uma temporada na Riviera Francesa e pretende criar laços profundos
com o playboy David Niven,
que está lá com a filha Jean Seberg, com quem mantém relação de cumplicidade que beira
o incesto.
Neste filme de fatura moderníssima, a mulher madura (em
todos os sentidos) que é Deborah Kerr é lançada nessa relação a três e tentará introduzir
um pouco de seriedade burguesa e profissionalismo nesse
meio dominado pelo dinheiro
fácil, pelo infantilismo e pela
futilidade.
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