São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Crítica

Herzog registra o absurdo em "Fitzcarraldo"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Feito em 1982, "Fitzcarraldo" (TC Cult, 23h55) está na franja, nos estertores da fase mais criativa de Werner Herzog. Para ele, qualquer absurdo não era apenas possível, mas a única coisa interessante que se podia filmar.
Então, a aventura do alemão disposto a criar um teatro de ópera no meio da selva amazônica nos surge como, praticamente, a única coisa possível que um homem pode fazer para que sua existência tenha sentido. Como se a gratuidade da aventura desse sentido à vida. Como se do não sentido da vida só pudéssemos ser salvos pela aventura.
A cena emblemática do filme é aquela em que um navio é transportado por terra, como se esse desvio de função visasse fazer do navio uma espécie de peça cenográfica. Como se desse vazão à demência de Fitzcarraldo, cujo desarranjo fica mais claro na interpretação de Klaus Kinski e adquire sua dimensão: é uma natureza absoluta com a qual uma subjetividade absoluta está em guerra.


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