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Mostra aborda sexo ao longo da história
Exposição no Barbican, em Londres, reúne cerca de 300 obras, entre elas ilustrações da dinastia Ming e curtas de Andy Warhol
Proibida para menores de 18, mostra teve inspeção policial e cobre período de 2.000 anos para mostrar como o homem representa o sexo
ALEXANDRE XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LONDRES
É um tema vasto, recorrente,
universal, cotidiano e secular,
mas é proibido para menores
de 18 anos. Na exposição "Seduced: Art and Sex from Antiquity to Now" (Seduzido: arte e
sexo da antigüidade à atualidade), em cartaz no Barbican Art
Gallery em Londres até 27/1,
até a polícia teve de entrar em
cena para verificar se o material exposto não depunha contra a lei e a moral.
São quase 300 trabalhos que
percorrem 2.000 anos para
mostrar como a humanidade
representou e representa o sexo. Estão ali desde cerâmicas
com imagens eróticas do século 6 a.C. até a ex-atriz pornô
Cicciolina em tela gigantesca.
"Seduced" é sobre como se
vê, e não sobre como se faz sexo. Consegue mostrar explicitamente -e, ainda assim, sem
ser pornográfico- que o tema
pode ser visto de 300 maneiras
diferentes. Cada civilização e
cada época teve sua maneira de
ver (ou esconder) o sexo.
"Sexo é parte universal do
ser humano. Não interessa
quando, onde ou com quem:
sexo é sexo", diz Joanne Bernstein, uma das curadoras da exposição. Mas é curioso como
um tema universal e intrínseco
ao ser humano pode ser tão
complexo e polêmico. Uma das
obras mais provocantes da exposição é uma videoinstalação
que projeta fotos do famoso estudo do professor Alfred Kinsey (1894-1956) sobre o sexo.
As imagens do capítulo "sexo
oral homossexual" fazem com
que alguns saiam da sala a passos largos.
Ilustrações da dinastia Ming
(1368-1664), por exemplo,
mostram que as imagens do
coito eram muito mais toleradas na cultura chinesa há séculos do que agora. Até aparecer o
confucionismo, a influência do
cristianismo e Mao Tse-tung,
os chineses acreditavam que o
"sexo era a chave para a imortalidade". Trezentos anos depois, na França, os surrealistas
chegaram a uma conclusão parecida ("Só dando voz ao desejo
sexual é que o homem entende
o núcleo do seu ser e alcança a
saúde da psique") e ressuscitaram histórias eróticas do Marquês de Sade.
Até J.M.W. Turner (1775-1851), pintor inglês reconhecido pelo retrato de paisagens,
explorou o tema. Só que parte
de seus ensaios foram jogados
no lixo por um crítico de arte
vitoriano que achou os desenhos eróticos perigosos para a
reputação do pintor. Já Rodin
(1840-1917) e Picasso (1881-1973) foram mais a fundo na
exploração da arte sexual e
chegaram a ter relações sexuais
com algumas de suas modelos
(aos 22 anos o pintor espanhol
retratou em sua fase azul uma
dessas experiências no quadro
"La Douleur", exposto no segundo andar de "Seduced").
A exposição termina com um
passeio pelo século 20, quando
o sexo se tornou também político e comercial. Tem os sugestivos curtas de Andy Warhol
("Kiss" e "Blowjob") e as fotografias impressionantes de Nobuyoshi Araki (uma imagem
mostra um caramujo saindo do
ânus de uma mulher).
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