São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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CINEMAS/ESTREIAS

Crítica/ "Garota Infernal"

Megan Fox faz "terrir" demoníaco

"Garota Infernal", com roteiro de Diablo Cody ("Juno'), tem pequenas surpresas e doses cavalares de humor negro

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Daqui a algum tempo, "Garota Infernal" talvez seja mais lembrado como o longa-metragem que reuniu ao menos quatro representantes do novo poderio feminino (ou, na pior das hipóteses, de aspirantes ao poder) em Hollywood: a diretora Karyn Kusama, a roteirista Diablo Cody e as atrizes Megan Fox e Amanda Seyfried.
A mais veterana da turma é Kusama, 41. Revelada pela produção independente "Boa de Briga" (2000), em que Michelle Rodriguez interpretava uma boxeadora quatro anos antes de Hilary Swank ganhar o Oscar por um papel semelhante em "Menina de Ouro", ela teve a chance de emplacar no coração da indústria com "Aeon Flux" (2005).
Orçada em US$ 62 milhões, essa aventura de ficção científica produzida pela Paramount e estrelada por Charlize Theron arrecadou menos de US$ 30 milhões nos Estados Unidos e obrigou Kusama a retomar, em "Garota Infernal", condições de produção mais modestas, na casa dos US$ 16 milhões, ainda que trabalhando para uma divisão da Fox.
A principal grife nos bastidores de "Garota Infernal", no entanto, é Cody, 31, ganhadora do Oscar e do prêmio do Writers Guild of America (sindicato de roteiristas dos EUA) de roteiro original por sua estreia no cinema, em "Juno" (2007) -cujo diretor, Jason Reitman ("Obrigado por Fumar"), é um dos produtores deste novo longa.
Ao apelo de Cody endereçado ao público jovem, some-se o de Megan Fox ("Transformers") e Amanda Seyfried (a filha de Meryl Streep em "Mamma Mia"), ambas com 23 anos.
O que fazem aqui todas essas moças? Um "terrir" que, sintomaticamente, adota homens como vítimas, com uma ou outra exceção. O cenário, característico de comédias sobre (e para) jovens, é uma escola de ensino médio encravada numa pequena cidade dos EUA. O que ocorre ali, no entanto, insere a história na tradição do suspense de horror, temperado com pequenas surpresas e doses cavalares de humor negro que procuram trazer novidades ao pacote.
Jennifer (Fox), a gostosa do pedaço, e Needy (Seyfried), mais discreta e comportada, são amigas de infância que se mantêm próximas apesar das enormes diferenças. A visita de uma banda de rock à cidade -para tocar no bar onde quase todos os jovens que moram ali se reúnem- desestabiliza para sempre a vida de ambas.
Narrada em "flashback" por Needy, a trama envolve aspectos demoníacos, como adianta o título brasileiro (o original, mais vago, sugere também conexões com o despertar para a sexualidade: "Jennifer's Body", o corpo de Jennifer).
O resultado é um filme sobre possessão em que o espírito malévolo se hospeda em formas femininas sedutoras, com os perigos imagináveis. Convenções narrativas à parte, reside nos diálogos e na caracterização dos personagens o que "Garota Infernal" tem a oferecer de mais divertido e politicamente incorreto, como se Cody fosse aqui um pouco mais Diablo do que em "Juno".


GAROTA INFERNAL

Direção: Karyn Kusama
Com: Megan Fox, Amanda Seyfried e Johnny Simmons
Produção: EUA, 2009
Onde: a partir de hoje nos cines Pátio Paulista, Anália Franco e circuito
Classificação: 16 anos
Avaliação: regular




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