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CINEMAS/ESTREIAS
Crítica/ "Garota Infernal"
Megan Fox faz "terrir" demoníaco
"Garota Infernal", com roteiro de Diablo Cody ("Juno'), tem pequenas surpresas e doses cavalares de humor negro
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Daqui a algum tempo,
"Garota Infernal" talvez seja mais lembrado
como o longa-metragem que
reuniu ao menos quatro representantes do novo poderio feminino (ou, na pior das hipóteses, de aspirantes ao poder) em
Hollywood: a diretora Karyn
Kusama, a roteirista Diablo
Cody e as atrizes Megan Fox e
Amanda Seyfried.
A mais veterana da turma é
Kusama, 41. Revelada pela produção independente "Boa de
Briga" (2000), em que Michelle
Rodriguez interpretava uma
boxeadora quatro anos antes
de Hilary Swank ganhar o Oscar por um papel semelhante
em "Menina de Ouro", ela teve
a chance de emplacar no coração da indústria com "Aeon
Flux" (2005).
Orçada em US$ 62 milhões,
essa aventura de ficção científica produzida pela Paramount e
estrelada por Charlize Theron
arrecadou menos de US$ 30
milhões nos Estados Unidos e
obrigou Kusama a retomar, em
"Garota Infernal", condições
de produção mais modestas, na
casa dos US$ 16 milhões, ainda
que trabalhando para uma divisão da Fox.
A principal grife nos bastidores de "Garota Infernal", no entanto, é Cody, 31, ganhadora do
Oscar e do prêmio do Writers
Guild of America (sindicato de
roteiristas dos EUA) de roteiro
original por sua estreia no cinema, em "Juno" (2007) -cujo
diretor, Jason Reitman ("Obrigado por Fumar"), é um dos
produtores deste novo longa.
Ao apelo de Cody endereçado
ao público jovem, some-se o de
Megan Fox ("Transformers") e
Amanda Seyfried (a filha de
Meryl Streep em "Mamma
Mia"), ambas com 23 anos.
O que fazem aqui todas essas
moças? Um "terrir" que, sintomaticamente, adota homens
como vítimas, com uma ou outra exceção.
O cenário, característico de
comédias sobre (e para) jovens,
é uma escola de ensino médio
encravada numa pequena cidade dos EUA. O que ocorre ali,
no entanto, insere a história na
tradição do suspense de horror,
temperado com pequenas surpresas e doses cavalares de humor negro que procuram trazer novidades ao pacote.
Jennifer (Fox), a gostosa do
pedaço, e Needy (Seyfried),
mais discreta e comportada,
são amigas de infância que se
mantêm próximas apesar das
enormes diferenças. A visita de
uma banda de rock à cidade
-para tocar no bar onde quase
todos os jovens que moram ali
se reúnem- desestabiliza para
sempre a vida de ambas.
Narrada em "flashback" por
Needy, a trama envolve aspectos demoníacos, como adianta
o título brasileiro (o original,
mais vago, sugere também conexões com o despertar para a
sexualidade: "Jennifer's Body",
o corpo de Jennifer).
O resultado é um filme sobre
possessão em que o espírito
malévolo se hospeda em formas femininas sedutoras, com
os perigos imagináveis.
Convenções narrativas à parte, reside nos diálogos e na caracterização dos personagens o
que "Garota Infernal" tem a
oferecer de mais divertido e politicamente incorreto, como se
Cody fosse aqui um pouco mais
Diablo do que em "Juno".
GAROTA INFERNAL
Direção: Karyn Kusama
Com: Megan Fox, Amanda Seyfried e
Johnny Simmons
Produção: EUA, 2009
Onde: a partir de hoje nos cines Pátio
Paulista, Anália Franco e circuito
Classificação: 16 anos
Avaliação: regular
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