São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Crítica/ "Substitutos"

Filme ambientado no futuro segue fórmula com competência e diverte

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Diz o provérbio espanhol que não se deve pedir pêras ao olmo. Não espere de "Substitutos" a genialidade de um Kubrick nem o brilho de um Spielberg.
O filme de Jonathan Mostow (de "O Exterminador do Futuro 3") cumpre seu papel de entretenimento seguindo a fórmula básica de Hollywood: uma boa ideia, realização competente e senso de humor. A ideia: num futuro não muito distante, clones robóticos substituem em todas as atividades da vida os seres humanos reais, que os comandam remotamente do conforto e da segurança do seu lar, como num imenso videogame de realidade virtual. Desse modo, os indivíduos de carne e osso não ficam expostos aos riscos inerentes à vida. Em compensação, também não vivem, a não ser vicariamente, por intermédio de seus "substitutos".
A aparente tranquilidade desse admirável mundo novo é abalada pelo assassinato (o primeiro em muitos anos) de um jovem milionário, justamente o filho do todo-poderoso criador da tecnologia dos substitutos (James Cromwell). Para resolver o caso, entra em cena o agente do FBI Tom Greer (Bruce Willis, mais uma vez convocado a salvar a humanidade).
No curso da investigação, o herói se vê enredado em intrincada trama policial, política e tecnológica. Obedecendo ao clichê do cinema policial , ele é afastado do caso por seus chefes, passando a operar por sua conta e risco. A diferença aqui é que, além da arma e do distintivo, ele tem de entregar também seu "substituto" e enfrentar a vida real de peito aberto.
Uma das ideias mais interessantes do filme é a existência, na periferia das grandes cidades, de áreas degradadas e habitadas exclusivamente por gente de verdade, que recusa de maneira mística novas tecnologias e preconiza um retorno à vida natural. É uma espécie de Terceiro Mundo (ou Taleban?), à margem do mercado, da publicidade e confortos modernos.
Ao raspar a superfície da ação, com seu séquito usual de perseguições, tiroteios e explosões, é possível encontrar em "Substitutos" alimento para discussões sobre temas de nossa época, como a cultura das aparências, as mediações tecnológicas, a felicidade compulsória. Mas talvez seja melhor apenas se divertir com cenas como a do colapso dos robôs nas ruas de uma grande metrópole. Depois a gente pensa.


SUBSTITUTOS

Direção: Jonathan Mostow
Com: Bruce Willis, Radha Mitchell
Produção: EUA, 2009
Onde: a partir de hoje nos cines Eldorado Cinemark, Kinoplex Itaim, Pátio Higienópolis e circuito
Classificação: 14 anos
Avaliação: bom




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