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Crítica/ "Substitutos"
Filme ambientado no futuro segue fórmula com competência e diverte
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Diz o provérbio espanhol que não se deve
pedir pêras ao olmo.
Não espere de "Substitutos" a
genialidade de um Kubrick
nem o brilho de um Spielberg.
O filme de Jonathan Mostow
(de "O Exterminador do Futuro 3") cumpre seu papel de entretenimento seguindo a fórmula básica de Hollywood:
uma boa ideia, realização competente e senso de humor.
A ideia: num futuro não muito distante, clones robóticos
substituem em todas as atividades da vida os seres humanos
reais, que os comandam remotamente do conforto e da segurança do seu lar, como num
imenso videogame de realidade
virtual. Desse modo, os indivíduos de carne e osso não ficam
expostos aos riscos inerentes à
vida. Em compensação, também não vivem, a não ser vicariamente, por intermédio de
seus "substitutos".
A aparente tranquilidade
desse admirável mundo novo é
abalada pelo assassinato (o primeiro em muitos anos) de um
jovem milionário, justamente o
filho do todo-poderoso criador
da tecnologia dos substitutos
(James Cromwell). Para resolver o caso, entra em cena o
agente do FBI Tom Greer (Bruce Willis, mais uma vez convocado a salvar a humanidade).
No curso da investigação, o
herói se vê enredado em intrincada trama policial, política e
tecnológica. Obedecendo ao
clichê do cinema policial , ele é
afastado do caso por seus chefes, passando a operar por sua
conta e risco. A diferença aqui é
que, além da arma e do distintivo, ele tem de entregar também
seu "substituto" e enfrentar a
vida real de peito aberto.
Uma das ideias mais interessantes do filme é a existência,
na periferia das grandes cidades, de áreas degradadas e habitadas exclusivamente por gente
de verdade, que recusa de maneira mística novas tecnologias
e preconiza um retorno à vida
natural. É uma espécie de Terceiro Mundo (ou Taleban?), à
margem do mercado, da publicidade e confortos modernos.
Ao raspar a superfície da
ação, com seu séquito usual de
perseguições, tiroteios e explosões, é possível encontrar em
"Substitutos" alimento para
discussões sobre temas de nossa época, como a cultura das
aparências, as mediações tecnológicas, a felicidade compulsória. Mas talvez seja melhor
apenas se divertir com cenas
como a do colapso dos robôs
nas ruas de uma grande metrópole. Depois a gente pensa.
SUBSTITUTOS
Direção: Jonathan Mostow
Com: Bruce Willis, Radha Mitchell
Produção: EUA, 2009
Onde: a partir de hoje nos cines Eldorado Cinemark, Kinoplex Itaim,
Pátio Higienópolis e circuito
Classificação: 14 anos
Avaliação: bom
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