São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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Filha de Guido Crepax exibe vestidos de papel na Comicon

Artista Caterina Crepax é atração da feira de HQs, que termina hoje no Rio

No evento, ela mostra seus poéticos vestidos-escultura; entre eles, há uma homenagem ao pai, morto em 2003

MARIO BRESIGHELLO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"O papel sempre representou uma grande possibilidade de liberdade. Nesse sentido, meu pai previu o que aconteceu comigo. Tornei-me cortadora de papel", disse Caterina Crepax em entrevista à Folha, por telefone.
Ela é filha de Guido Crepax (1933-2003), mestre dos "fumetti", termo italiano que designa HQs, e uma das principais atrações da feira Rio Comicon, que se encerra hoje.
No evento, ela apresenta seus poéticos vestidos-escultura feitos de papel, entre os quais uma criação exclusiva em homenagem ao pai. Na bagagem, trouxe originais desenhados por ele.
Crepax, arquiteto e apaixonado por desenho, publicou sua primeira HQ em 1965.
Sob a influência do cinema da nouvelle vague e da pop art, ele reinventou a linguagem com um novo modo de estruturar a página. Nelas, os quadrinhos aumentam e diminuem, aparecem ora redondos, ora poligonais.
Com isso, Crepax tornou-se um dos responsáveis pelo reconhecimento dos quadrinhos como "nona arte".
Para sua legião de fãs, Crepax é o pai da sexy Valentina Rosselli. Nas histórias da personagem, o autor misturou as dimensões real e onírica e fixou o paradigma das HQs impregnadas de referências a literatura, cinema, pintura e arquitetura.
"Para criar suas histórias, ele se inspirava em situações familiares. Eu sou a menina da tesoura numa história de Valentina", diz Caterina.
A figura e as situações vividas pela personagem documentam o universo do autor. Em seu traço, ele incorporou as novidades culturais e de comportamentos característicos dos "swinging sixties".
"Valentina, há 40 anos, foi o protótipo da mulher de hoje. Muitos em Milão pensavam que ela poderia ser encontrada nos lugares da moda", conta Caterina.
Enquanto o pai transfigurou a folha com imagens e personagens que povoam os sonhos dos leitores, a filha, também arquiteta, corta papéis para compor esculturas.
"Sempre gostei de papel. Lembro-me de desenhar e recortar figuras usando qualquer tipo. Eu pegava embrulhos para cortar. Gosto do aspecto tridimensional, de pensar nas possibilidades. Não se faz o mesmo com tecidos."
E suas criações são para ver ou vestir? "Depende dos sonhos de quem as vê!"

DEBATE COM CATERINA CREPAX NA RIO COMICON
QUANDO hoje, às 16h50
ONDE Estação Leopoldina (av. Francisco Bicalho, s/nº; 0/xx/21/2535-9848)
QUANTO R$ 20 (inteira) para o dia
CLASSIFICAÇÃO livre


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