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TV PAGA
Barreto faz amontoado sobre Garrincha
PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil é o país do futebol, mas
não é o país dos estudos, dos filmes, dos livros e das músicas sobre futebol. Pode-se tentar uma
saída poética ao dizer que a arte
brasileira fala por si entre as quatro linhas do gramado com mais
eloqüência do que no celulóide,
nas pautas musicais e no papel.
Mas talvez a academia e as artes
brasileiras ignorem o futebol por
ser o esporte dos simples, desprezando o chavão de que a genialidade reside neles.
Manuel Francisco dos Santos
morreu há 23 anos, completados
na semana passada. Morreu jovem (50 anos), pobre e alcoólatra.
Seria mais um dos brasileiros
simples, cuja morte os jornais não
registram, se não fosse um gênio.
Manuel Francisco dos Santos é
Garrincha, o jogador que começou a carreira tardiamente aos 20
anos e contrariou os médicos ao
ser craque com as pernas tortas.
Era um simples para quem o marcador, qualquer um, era João, e o
time adversário, qualquer que
fosse, o São Cristóvão.
"Mané Garrincha" (1978), o segundo curta-metragem de Fábio
Barreto, que o Canal Brasil exibe
hoje, seria bom, se fosse simples,
mas é simplório. Rodado cinco
anos depois de Garrincha ter tido
seu jogo de despedida e cinco antes de sua morte poderia ser um
retrato do artista quando não
mais jovem.
Seria covardia comparar o curta
de Barreto com o longa de Joaquim Pedro de Andrade, "Garrincha, Alegria do Povo". O filme de
Joaquim Pedro é hiperbólico, mas
feito com paixão a quente -foi
concluído em 62.
O de Barreto é um amontoado
de imagens, das quais só fica a
simplicidade de Garrincha, dizendo que queria começar naquele
ano (78) uma carreira de técnico,
"porque os meninos e o Brasil
precisam disso". Os simples não
são ingênuos. Garrincha estava
certo. Os meninos e o Brasil precisávamos dele. Não soubemos tê-lo nem mantê-lo.
Mané Garrincha
Quando: hoje, às 14h14, no Canal Brasil
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