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Fontes rejeita devolver R$ 30 mi por "Chatô"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O ator Guilherme Fontes refutou ontem a cobrança de R$ 30
milhões endereçada a ele pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), como ressarcimento ao Estado pelo uso de dinheiro público
na produção do filme "Chatô".
Em carta-cobrança enviada a
Fontes em dezembro passado, a
Ancine estabelecera 30 dias de
prazo para que ele recolhesse o
valor aos cofres públicos ou apresentasse o filme concluído.
Em carta protocolada ontem na
Ancine, Fontes classifica a cobrança de "indevida" e reitera seu
pedido ao órgão para que renove
o prazo de captação do orçamento que falta à conclusão do filme.
"Chatô" permanece inacabado
desde 1999, quando suas filmagens foram interrompidas, sob
suspeitas de irregularidade levantadas pelo MinC (Ministério da
Cultura). O MinC havia autorizado o ator a captar R$ 12 milhões
para a produção do filme, com
benefício das leis de renúncia fiscal (Rouanet e do Audiovisual).
O TCU (Tribunal de Contas da
União) inocentou Fontes das suspeitas de fraude depois de analisar sua prestação de contas. Em
2001, além de concluir que não
havia desvios no uso do dinheiro,
o TCU determinou ao MinC que
renovasse os prazos para que
Fontes captasse o restante de seu
orçamento previsto. O ator havia
reunido até ali R$ 8,5 milhões dos
R$ 12 milhões autorizados.
Alberto Daudt, advogado de
Fontes, afirma que a carta-cobrança da Ancine é "uma retaliação" ao mandado de segurança
com o qual ele tentou obrigar a
agência, no ano passado, a renovar o prazo de captação para Fontes. A agência afirmou que não
comentaria a declaração.
Segundo a assessoria da Ancine,
a carta protocolada ontem por
Fontes foi encaminhada à procuradoria da agência, "que fará o encaminhamento cabível".
Daudt diz que estuda entrar
com ação criminal contra a diretoria da Ancine, por prevaricação.
Segundo o advogado, a agência
agiu em desacordo com suas próprias normas, porque não calculou devidamente o valor da cobrança e enviou-a a Fontes sem
lhe dar o direito de defesa.
"Erraram feio ao me fazer essa
cobrança", diz Fontes, que afirma
estar se "organizando para concluir o filme". "Mas ainda estou
refém desses caras [a diretoria da
Ancine]. Eles me seqüestraram."
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