São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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20ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Isabela Capeto, Gisele Nasser, Zigfreda e Fabia Bercsek mostram coleções coloridas, que evocam imaginário infantil e elegância jovial

Cores se rebelam no último dia do evento

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

As cores se revoltaram contra a tirania do preto no último dia da São Paulo Fashion Week. Foi também o dia da rebelião das garotas em favor de uma elegância jovial, com evocações do imaginário infantil, contra o look sombrio e sexualmente perverso que predominou na semana de moda.
O impecável trabalho de cores e estampas da carioca Isabela Capeto rendeu um dos melhores desfiles do evento. A coleção, inspirada no Peru, soube evitar os clichês étnicos e apresentou uma releitura contemporânea e alegre dos elementos que serviram de base criativa para a estilista.
Circulando em torno de uma instalação da artista Gabriela Machado, as modelos de Isabela mostraram saias na altura do joelho ou mais longas, algumas delas com barrado de delicados pingentes de bolinhas, ótimos coletes e bolerinhos multicoloridos. A cartela de cores, cheia de personalidade, foi do vermelho ao azul anil, e ganhou força com bordados estratégicos. Entre os acessórios, as bolsonas estampadas devem se tornar objeto de desejo. É uma coleção bem-resolvida e vibrante, que busca uma feminilidade atualíssima sem esquecer a vocação artesanal de Isabela.
Na sequência, as meninas de Gisele Nasser reescreveram a história de Chapeuzinho Vermelho, num desfile que transitou entre o fetiche e as referências infantis.
As heroínas românticas de Gisele estão mudadas, desfilam com plataformas com saltos altíssimos e não têm medo do lobo mau. Pelo contrário, se identificam com ele e pensam até em namoro.
Apesar disso, mantêm uma atitude delicada e feminina. Predominam os comprimentos mais curtos e os tecidos vão do laise de algodão aos bons patchworks de veludo, passando por vestidinhos em renda. Uma das peças que melhor expressam o espírito da coleção foi a usada por Carol Trentini para fechar a apresentação: um vestido amarelo com sobressaia e um enorme laço de veludo vinho sobre um dos ombros. Gisele parece ter encontrado seu caminho.
A Zigfreda construiu a mulher mais elegante do último dia da SPFW. Ao som de canções de Serge Gainsbourg, apresentou looks muito inspirados no início dos anos 60, como nos trench-coats, jaquetinhas e vestidos com cintura marcada. A estamparia da marca, que costumava ser exuberante, voltou contida, conquistando pela delicadeza. O trabalho de bordados também foi preciso.
Num clima mais rocker setentista, na linha Fleetwood Mac, Fabia Bercsek apresentou bons tricôs e acertou nos macacões. Porém, algumas estampas deixaram os looks datados. A beleza, com olhos e bocas muito escuros e cabelões armados, resultou num conjunto pesado demais.


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