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20ª SÃO PAULO FASHION WEEK
Isabela Capeto, Gisele Nasser, Zigfreda e Fabia Bercsek mostram coleções coloridas, que evocam imaginário infantil e elegância jovial
Cores se rebelam no último dia do evento
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
As cores se revoltaram contra a
tirania do preto no último dia da
São Paulo Fashion Week. Foi
também o dia da rebelião das garotas em favor de uma elegância
jovial, com evocações do imaginário infantil, contra o look sombrio e sexualmente perverso que
predominou na semana de moda.
O impecável trabalho de cores e
estampas da carioca Isabela Capeto rendeu um dos melhores desfiles do evento. A coleção, inspirada no Peru, soube evitar os clichês
étnicos e apresentou uma releitura contemporânea e alegre dos
elementos que serviram de base
criativa para a estilista.
Circulando em torno de uma
instalação da artista Gabriela Machado, as modelos de Isabela
mostraram saias na altura do joelho ou mais longas, algumas delas
com barrado de delicados pingentes de bolinhas, ótimos coletes
e bolerinhos multicoloridos. A
cartela de cores, cheia de personalidade, foi do vermelho ao azul
anil, e ganhou força com bordados estratégicos. Entre os acessórios, as bolsonas estampadas devem se tornar objeto de desejo. É
uma coleção bem-resolvida e vibrante, que busca uma feminilidade atualíssima sem esquecer a
vocação artesanal de Isabela.
Na sequência, as meninas de Gisele Nasser reescreveram a história de Chapeuzinho Vermelho,
num desfile que transitou entre o
fetiche e as referências infantis.
As heroínas românticas de Gisele estão mudadas, desfilam com
plataformas com saltos altíssimos
e não têm medo do lobo mau. Pelo contrário, se identificam com
ele e pensam até em namoro.
Apesar disso, mantêm uma atitude delicada e feminina. Predominam os comprimentos mais
curtos e os tecidos vão do laise de
algodão aos bons patchworks de
veludo, passando por vestidinhos
em renda. Uma das peças que melhor expressam o espírito da coleção foi a usada por Carol Trentini
para fechar a apresentação: um
vestido amarelo com sobressaia e
um enorme laço de veludo vinho
sobre um dos ombros. Gisele parece ter encontrado seu caminho.
A Zigfreda construiu a mulher
mais elegante do último dia da
SPFW. Ao som de canções de Serge Gainsbourg, apresentou looks
muito inspirados no início dos
anos 60, como nos trench-coats,
jaquetinhas e vestidos com cintura marcada. A estamparia da marca, que costumava ser exuberante,
voltou contida, conquistando pela delicadeza. O trabalho de bordados também foi preciso.
Num clima mais rocker setentista, na linha Fleetwood Mac, Fabia Bercsek apresentou bons tricôs e acertou nos macacões. Porém, algumas estampas deixaram
os looks datados. A beleza, com
olhos e bocas muito escuros e cabelões armados, resultou num
conjunto pesado demais.
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