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CRÍTICA
Medo vai do Japão a Hollywood sem perder a eficácia
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
Se o garotinho Aidan (David
Dorfman) já causava arrepios
em "O Chamado" pelas olheiras
dignas de um membro da Família
Adams, pelo jeito de falar devagarinho e de sempre chamar a mãe
pelo próprio nome, prepare-se.
A partir de hoje no Brasil, ele fará você fincar os dedos na poltrona cada vez que abrir a boca e deixar no ar a dúvida, "afinal, de
quem é a sua voz?".
Cabe ao filho da jornalista Rachel (Naomi Watts) enfrentar o
fantasma de Samara (ou Sadako,
da versão japonesa). Só que isso,
obviamente, terá um preço...
Para quem está chegando agora,
a história é a seguinte, Samara foi
morta pela mãe e está presa num
poço. Ela se vinga por meio de um
vídeo caseiro. Quem assiste a ele,
morre em sete dias. A única forma
de escapar é fazer uma cópia da fita e mostrá-la para outra pessoa
antes que o prazo estoure.
No filme anterior, Rachel e Aidan, seguindo os sinais da fita,
aparentemente eliminaram a
ameaça. Aparentemente.
Em "O Chamado 2", mãe e filho
se mudam de Seattle para uma cidadezinha da costa do Oregon.
Tudo parece tranqüilo até que,
com o perdão do clichê de crítica
cinematográfica, "coisas estranhas começam a acontecer".
Enquanto o primeiro filme gira
muito em torno do que a fita provoca e do significado das imagens,
nesta seqüência Samara não se
contém a agir somente pela telinha e caminha decidida para seu
objetivo, Rachel e Aidan.
O diretor japonês Hideo Nakata
seguiu direitinho o que os americanos lhe pediram. Não sobrou
nada do "suspense à oriental" que
caracterizava "Ringu" e "Ringu
2". E não se trata apenas de, como
diz o diretor, ter trocado o clima
de tensão do original por uma série interminável de sustos, como
se o espectador tivesse entrado
num trem fantasma em vez de
uma sala de cinema.
Infelizmente também ficaram
de fora nesse transporte alguns
elementos que caracterizavam o
diretor: os closes nas faces transtornadas, um certo romantismo
melancólico e platônico e a ironia
com relação à ciência.
Mas isso não estraga "O Chamado 2". Nakata consegue superar o filme anterior ao se libertar
do esquema de produção para
adolescentes e buscar reconstruir
o passado e a psique da família da
garota Samara.
Centrar a tensão no personagem do garoto aproxima o filme a
"O Sexto Sentido" (1999), de M.
Night Shyamalan, o que logicamente significa um upgrade.
Com isso, o famoso "I see dead
people" (eu vejo gente morta) de
Haley Joel Osment encontra um
rival no assustador "she never
sleeps" (ela nunca dorme) de David Dorfman. Duvida?
O Chamado 2
The Ring Two
Direção: Hideo Nakata
Produção: EUA, 2005
Com: Naomi Watts, Simon Baker, David
Dorfman, Elizabeth Perkins
Quando: pré-estréias hoje nos cines
Interlagos, Metrô Santa Cruz, Paulista e
circuito; estréia amanhã
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