São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2005

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CRÍTICA

Medo vai do Japão a Hollywood sem perder a eficácia

SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN

Se o garotinho Aidan (David Dorfman) já causava arrepios em "O Chamado" pelas olheiras dignas de um membro da Família Adams, pelo jeito de falar devagarinho e de sempre chamar a mãe pelo próprio nome, prepare-se.
A partir de hoje no Brasil, ele fará você fincar os dedos na poltrona cada vez que abrir a boca e deixar no ar a dúvida, "afinal, de quem é a sua voz?".
Cabe ao filho da jornalista Rachel (Naomi Watts) enfrentar o fantasma de Samara (ou Sadako, da versão japonesa). Só que isso, obviamente, terá um preço...
Para quem está chegando agora, a história é a seguinte, Samara foi morta pela mãe e está presa num poço. Ela se vinga por meio de um vídeo caseiro. Quem assiste a ele, morre em sete dias. A única forma de escapar é fazer uma cópia da fita e mostrá-la para outra pessoa antes que o prazo estoure.
No filme anterior, Rachel e Aidan, seguindo os sinais da fita, aparentemente eliminaram a ameaça. Aparentemente.
Em "O Chamado 2", mãe e filho se mudam de Seattle para uma cidadezinha da costa do Oregon. Tudo parece tranqüilo até que, com o perdão do clichê de crítica cinematográfica, "coisas estranhas começam a acontecer".
Enquanto o primeiro filme gira muito em torno do que a fita provoca e do significado das imagens, nesta seqüência Samara não se contém a agir somente pela telinha e caminha decidida para seu objetivo, Rachel e Aidan.
O diretor japonês Hideo Nakata seguiu direitinho o que os americanos lhe pediram. Não sobrou nada do "suspense à oriental" que caracterizava "Ringu" e "Ringu 2". E não se trata apenas de, como diz o diretor, ter trocado o clima de tensão do original por uma série interminável de sustos, como se o espectador tivesse entrado num trem fantasma em vez de uma sala de cinema.
Infelizmente também ficaram de fora nesse transporte alguns elementos que caracterizavam o diretor: os closes nas faces transtornadas, um certo romantismo melancólico e platônico e a ironia com relação à ciência.
Mas isso não estraga "O Chamado 2". Nakata consegue superar o filme anterior ao se libertar do esquema de produção para adolescentes e buscar reconstruir o passado e a psique da família da garota Samara.
Centrar a tensão no personagem do garoto aproxima o filme a "O Sexto Sentido" (1999), de M. Night Shyamalan, o que logicamente significa um upgrade.
Com isso, o famoso "I see dead people" (eu vejo gente morta) de Haley Joel Osment encontra um rival no assustador "she never sleeps" (ela nunca dorme) de David Dorfman. Duvida?


O Chamado 2
The Ring Two
   
Direção: Hideo Nakata
Produção: EUA, 2005
Com: Naomi Watts, Simon Baker, David Dorfman, Elizabeth Perkins
Quando: pré-estréias hoje nos cines Interlagos, Metrô Santa Cruz, Paulista e circuito; estréia amanhã



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