São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2005

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Vilaboim ganha boa carne

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

A praça Vilaboim é uma espécie de retrato três por quatro de São Paulo. Em um único dos lados desta praça de três ruas, amontoam-se restaurantes de todo tipo, oferecendo de sanduíches a sushi.
A mais nova aquisição daquela fervilhante calçada é o Empório Natan. Ele tem qualidades para escapar da intensa volatilidade desse triângulo das Bermudas gastronômico, que já tragou outros estabelecimentos no mesmo endereço. Nem todos tinham, porém, esta econômica consistência que o Natan oferece.
Chama-se empório porque a venda de produtos alimentícios está nos planos dos proprietários, o casal Siomara e Jaques Wasercjer, ambos paulistas de 34 anos, oriundos da área de turismo. Mas o local não tem pinta de mercado, já que o jeito de restaurante está muito mais evidente. O casal não quer apresentar a casa como uma churrascaria, mas seu ponto forte são justamente os grelhados. Por um lado, pela qualidade da carne servida; por outro, por terem surpreendido nossa mesa ao trazerem os cortes precisamente nos pontos pedidos -aquela coisa de "antes do ponto", "mal passado" e outras variações que raramente são entendidas ou atendidas nos restaurantes.
Se fosse pela aparência do lugar, de fato não o associaríamos a uma churrascaria. Seu andar térreo, estreito, com um longo balcão lateral, lembra mais um café, enquanto o salão de cima, que termina em um mezanino sobre a entrada do restaurante, poderia antes ser um bistrô.
Mas ali reinam carnes como a côte de boeuf (prime rib), com seu devido osso lateral, totalizando 650 gramas. Há também os cortes argentinos, como o bife de chorizo e o bife ancho. Também são oferecidas duas opções de peixe (salmão e saint-peter).
Para não ficarmos somente nas boas coisas que saem da grelha, podemos lembrar que as carnes vêm acompanhadas por três molhos (um vinagrete e dois chimichurri, com e sem pimenta, que, nos dois casos, estavam muito grossos). A cozinha trabalha sob o comando do chef mineiro José Tadeu Dias, 48. Dali saem algumas poucas opções de massa fresca e seca (como penne al limone), risotos (como o de queijo coalho com tomate-cereja, que passou um pouco do ponto) e pratos de peixe e carne (salmão com molho teriaki, robalo ao molho pesto, picadinho com arroz e batata-palha). Há vinhos suficientes para acompanhar as carnes. Há a recepção feita por maîtres muito atenciosos. Há boas condições para a casa decolar embora nunca se saiba, pois São Paulo e a praça não se movimentam exatamente pelo mérito e muito menos pela lógica.


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