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Vilaboim ganha boa carne
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
A praça Vilaboim é uma espécie de retrato três por quatro de São Paulo. Em um único
dos lados desta praça de três ruas,
amontoam-se restaurantes de todo tipo, oferecendo de sanduíches
a sushi.
A mais nova aquisição daquela
fervilhante calçada é o Empório
Natan. Ele tem qualidades para
escapar da intensa volatilidade
desse triângulo das Bermudas
gastronômico, que já tragou outros estabelecimentos no mesmo
endereço. Nem todos tinham, porém, esta econômica consistência
que o Natan oferece.
Chama-se empório porque a
venda de produtos alimentícios
está nos planos dos proprietários,
o casal Siomara e Jaques Wasercjer, ambos paulistas de 34 anos,
oriundos da área de turismo. Mas
o local não tem pinta de mercado,
já que o jeito de restaurante está
muito mais evidente. O casal não
quer apresentar a casa como uma
churrascaria, mas seu ponto forte
são justamente os grelhados. Por
um lado, pela qualidade da carne
servida; por outro, por terem surpreendido nossa mesa ao trazerem os cortes precisamente nos
pontos pedidos -aquela coisa de
"antes do ponto", "mal passado"
e outras variações que raramente
são entendidas ou atendidas nos
restaurantes.
Se fosse pela aparência do lugar,
de fato não o associaríamos a uma
churrascaria. Seu andar térreo, estreito, com um longo balcão lateral, lembra mais um café, enquanto o salão de cima, que termina
em um mezanino sobre a entrada
do restaurante, poderia antes ser
um bistrô.
Mas ali reinam carnes como a
côte de boeuf (prime rib), com
seu devido osso lateral, totalizando 650 gramas. Há também os
cortes argentinos, como o bife de
chorizo e o bife ancho. Também
são oferecidas duas opções de peixe (salmão e saint-peter).
Para não ficarmos somente nas
boas coisas que saem da grelha,
podemos lembrar que as carnes
vêm acompanhadas por três molhos (um vinagrete e dois chimichurri, com e sem pimenta, que,
nos dois casos, estavam muito
grossos). A cozinha trabalha sob o
comando do chef mineiro José
Tadeu Dias, 48. Dali saem algumas poucas opções de massa fresca e seca (como penne al limone),
risotos (como o de queijo coalho
com tomate-cereja, que passou
um pouco do ponto) e pratos de
peixe e carne (salmão com molho
teriaki, robalo ao molho pesto, picadinho com arroz e batata-palha). Há vinhos suficientes para
acompanhar as carnes. Há a recepção feita por maîtres muito
atenciosos. Há boas condições para a casa decolar embora nunca se
saiba, pois São Paulo e a praça não
se movimentam exatamente pelo
mérito e muito menos pela lógica.
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