São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Numa história de escassez, banquete chinês é só alegria

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Com dimensões e população gigantescas, a China tem sua história gastronômica ligada à escassez, tanto de alimentos quanto de combustível para prepará-los. Mas a cultura chinesa, tão rica em vários domínios, criou uma cozinha igualmente rica, ainda que econômica e contida.
Há na China uma cozinha básica, do cereal (arroz, trigo) e do amido (raízes, tubérculos). Mas também uma cozinha do prazer, dos alegres e fartos banquetes.
Eles são festivos, ruidosos. Inúmeros pratos giram sobre a mesa, apreciados ao mesmo tempo. Mas mesmo essas receitas sofisticadas expressam a noção de escassez e sábia utilização dos alimentos.
O cereal do dia a dia vira acessório. Carnes, peixes e vegetais vão para o proscênio. Mas -lembrando que a energia é valiosa- ingredientes são picados para fritar com rapidez (o que lhes preserva textura e sabor).
Assados são pratos de exceção e tudo é preparado com um só tipo de faca, e comido com palitos (e colher).
A diversidade do enorme país contribuiu para que o banquete imperial, reunindo todas as influências regionais, se tornasse um rico mosaico de culturas.
A fúria puritana da Revolução Cultural golpeou a arte culinária e as linhagens de grandes chefs, tornando o banquete heresia reservada aos donos do poder; mas décadas de obscurantismo não soterraram história tão antiga e essencial.


Texto Anterior: Saiba mais sobre a cerimônia
Próximo Texto: Nina Horta: Bolos por e-mail
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.