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CRÍTICA
CD repete os outros 19 discos
da Redação
Lou
Reed é um
dos poucos compositores
do rock a
criar um estilo sonoro próprio e inconfundível. Quem
ouve os primeiros dez segundos de " Paranoia Key of
E", a primeira faixa de "Ecstasy", sabe de quem se trata.
A guitarra meio suja, os
acordes repetitivos, a voz
imperfeita, rouca e fraca, só
podem vir dele. Nos anos 60,
quando liderava o Velvet
Underground, Reed provou
que a beleza também poderia vir da imperfeição, que o
virtuosismo técnico valia
muito menos do que a inspiração. Com sua voz de asmático, Lou Reed cantou o
submundo de Nova York e
decretou a maioridade do
rock, que até então vivia da
utopia hippie.
Reed gosta do submundo,
nunca negou isso. Tanto que
está lançando seu 20º disco
solo, "Ecstasy", outra variação sobre o mesmo tema.
Apesar do nome efusivo
do disco e da boa fase pessoal por que passa, Reed não
gosta de tirar o pé da lama.
Sente-se bem em meio à escuridão, cercado de todo tipo de deserdados pela vida.
Aqui ele também canta sobre prostitutas, sobre seres
violentos e imprevisíveis,
criaturas da noite.
O problema é que Lou
Reed já fez isso em 19 outros
discos, e bem melhor. Se
"Ecstasy" não tivesse de ser
confrontado com o passado
de Lou Reed, seria um ótimo
disco. Mas esse é o sujeito
que escreveu "Sunday Morning" e "Perfect Day", que
gravou "Transformer" e
"Berlin" e, nessa comparação, "Ecstasy" não dá nem
para a saída.
Se fosse um disco de um
compositor novato, estaríamos todos aplaudindo de pé.
Mas, sendo de Reed, é só
mais um entre tantos discos
bons de um compositor excepcional. É difícil competir
com o passado.
(AB)
Avaliação:
Disco: Ecstasy
Artista: Lou Reed
Lançamento: WEA
Quanto: R$ 26,70
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