São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2000


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RELÂMPAGOS
A sopa

JOÃO GILBERTO NOLL

Um dia por semana ela tomava a sopa dos pobres. Esperava na longa fila. Quando a concha entornava o caldo de legumes, se sentia grato de uma forma desconhecida. Como se precisasse se prostrar no chão do dispensário. Espécie de rito extraviado de sua origem, de seu possível sentido dramático, de tudo perfeitamente natural aquele padecimento branco, sem laceração. Aquele contato frio na laje dura. Assim deveria ter sido antes do conforto acolchoado e anestesiante de agora. Nesses momentos, era levado a expelir um pouco do soro de sua temperança.


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