DO CRÍTICO DA FOLHA

A exemplo de outras comédias norte-americanas recentes voltadas para o público masculino jovem, "Eu te Amo, Cara" não tem escrúpulos em buscar humor na escatologia: um sujeito vomita no outro, um rapaz com vontade de soltar gases é acompanhado em detalhe, e assim por diante.
Não causa estranheza, portanto, que seu ponto de partida tenha a ver com uma ideia juvenil da vida adulta. Um corretor imobiliário (Paul Rudd) vai se casar, mas desconfia de que sua noiva (Rashida Jones) considere estranho o fato de ele não ter um "melhor amigo".
Na verdade, ele não tem amigo nenhum -o tipo "pegajoso" de homem, afirma alguém, porque depois de casado permanece na cola da mulher. Assim, ele se empenha em arrumar rapidamente um amigão e, depois de algumas experiências malsucedidas, acaba se aproximando de um solteiro convicto (Jason Segel). Como o título sugere, "Eu te Amo, Cara" brinca com o que atrai -e o que desagrada- um homem em outro homem, mas mantém o homossexualismo em território "seguro", por meio de personagens gays que estabelecem a "diferença". Se há "filme de mulherzinha", este é "filme de machinho".
A experiência de John Hamburg ("Quero Ficar com Polly") na comédia dá o tom, mas o humor típico de "Seinfeld" talvez venha do roteirista Larry Levin, que escreveu um episódio do seriado sobre a "paixão" de Jerry Seinfeld por um jogador de beisebol. (SR)