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Quico, do "Chaves", se aposenta e escreve biografia
Ator Carlos Villagrán se despede do personagem em São Paulo com participação em festival organizado por fãs
Evento também conta com presença do intérprete do Senhor Barriga e exibição de documentário inédito sobre o criador Roberto Bolaños
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
O ator mexicano Carlos Villagrán, 66, tem um grande inimigo. Tem a mesma voz, rosto e
bochechas infladas que ele.
Mas é 37 anos mais novo. É o
Quico, do programa "Chaves",
em cartaz no SBT desde 1984.
Ele conta que criou o garoto
mimado no improviso, a partir
do convite de Roberto Gómez
Bolaños, que interpretava o
Chaves, para integrar a trupe.
"Em 1971, "Chaves" era um esquete, só depois virou um programa separado. Inflei minhas
bochechas com ar e criei a voz
engraçada", conta à Folha por
telefone, em portunhol, de sua
casa, em Guadalajara (México).
Hoje, participa do Festival da
Boa Vizinhança, organizado
por um fã-clube do "Chaves".
Vai dar uma entrevista, mas não vai ser uma apresentação.
"Minha idade não me permite
reviver Quico. Vou aparecer de
Carlos Villagrán e falar de tudo.
Ao final, vou me vestir de Quico, porque devo isso aos fãs."
Ele se despediu do personagem em março, durante um mês de apresentações em Guadalajara. "Tenho de respeitar
esse "filho" que me deu de jantar por quase quatro décadas."
"Agradecido" é como diz se
sentir e a palavra que mais surge na conversa. Seu próximo
projeto se chamará "Gracias"
(obrigado). É uma autobiografia, segundo ele, com histórias
relacionadas ao Brasil.
"Chaves", ainda que datado e
reprisado à exaustão, continua
um sucesso. Dá média entre 8 e
9 pontos no Ibope (cerca de
500 mil domicílios na Grande
SP) e, segundo o SBT, teve um
crescimento de 26% neste ano.
A partir de amanhã, ganha exibição aos domingos, às 9h.
"É arrancado da vida, feito
com gente real. "Chaves" tem
mágica", opina Villagrán.
O ator não se esquiva de falar
sobre a disputa que separou o
grupo. Para ele, "foi inveja". "O
Quico ficou mais popular que o
Chaves. Bolaños foi agressivo e
registrou tudo em seu nome.
Mas a habilidade de falar com
bochechas infladas é minha. É
um dom que Deus me deu."
O festival também traz Edgar
Vivar, o Senhor Barriga. Muitos quilos mais magro após
uma cirurgia no estômago, ele
prometeu cantar no evento.
Também vai ter bate-papo
com dubladores e a exibição do
documentário "El Niño que Somos", sobre a obra de Bolaños.
FESTIVAL DA BOA VIZINHANÇA
Quando: hoje, das 10h às 20h
Onde: no Mart Center (r. Chico Pontes, 1.500, Vila Guilherme)
Quanto: R$ 40
Classificação: livre
Informações: www.sitedochaves.com
FOLHA ONLINE
Leia mais sobre Carlos
Villagrán e trechos do livro
www.folha.com.br/101133
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