São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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A volta dos mortos-vivos

Maior estréia da Disney no país, "Piratas do Caribe - No Fim do Mundo", terceiro filme da série, disputará com blockbusters como "Homem-Aranha 3"; para diretor, concorrência só faz lembrar "como é gostoso ir ao cinema"

TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Amanhã, o diretor Gore Verbinski, os roteiristas Ted Elliott e Terry Rosario e seus ajudantes têm um encontro no restaurante Mr. Chow, em Beverly Hills. Depois, irão de cinema em cinema conferir a bilheteria de "Piratas do Caribe - No Fim do Mundo". "É uma tradição", disse à Folha o produtor Jerry Bruckheimer, o homem que deve pagar a conta desse jantar. A cada meia hora, um assistente deve ligar para seu celular dando os números de ingressos vendidos nos mais de 50 países em que "Piratas do Caribe 3" entra em cartaz. Serão 769 salas só no Brasil (de um total de 2.000), a maior estréia da Disney aqui, com 679 cópias. "Homem-Aranha 3" vai manter suas 700 cópias em cartaz, ainda não definindo o número exato de salas.
No final do segundo filme, Jack Sparrow (Johnny Depp) é engolido pelo mar, sugado por um monstro. Enquanto isso, o capitão Barbossa (Geoffrey Rush), morto no primeiro filme, volta aos vivos. O outro lado do mundo é como um purgatório. Seus habitantes vivem sob a água e, com o tempo, viram parte do navio de Davy Jones. Antes de Barbossa, ninguém havia voltado de lá. O primeiro filme rendeu US$ 650 milhões. A Disney e Bruckheimer decidiram fazer continuações -duas ao mesmo tempo, pois seria difícil juntar o elenco duas vezes em dois anos. O segundo, com US$ 1,1 bilhão, quebrou recordes de bilheteria (esses que "Homem-Aranha 3" bate agora) -o concorrente foi "Super-Homem -O Retorno", que decepcionou.
A guerra neste ano começou com "Homem-Aranha 3", mas há ainda "Shrek 3", "Duro de Matar 4", "Treze Homens e Mais um Segredo". Verbinski, o diretor, diz não se sentir ameaçado. "Filmes bons fazem o público lembrar como é gostoso ir ao cinema", disse à Folha, em Los Angeles, na semana passada. Veja trechos a seguir:

 

FOLHA - Foi anunciado que este é o último filme da série. Mas o final dá a entender que a história continua...
GORE VERBINSKI -
Não tem ninguém trabalhando em um próximo projeto. A possibilidade pode existir na imaginação do público, mas a idéia sempre foi encerrar a trilogia agora.

FOLHA - E se houver mais seqüências? Você dirigiria a próxima?
VERBINSKI -
Depende, Jerry Bruckheimer pode ser muito persuasivo quando quer algo. Mas não será o meu próximo filme, com certeza. Nem vou mergulhar num próximo projeto tão cedo. Foram cinco anos de "Piratas", preciso de férias.

FOLHA - Por falar nele, incomoda o fato de o mundo inteiro associar o filme a Depp e a Bruckheimer e poucos lembrarem que você é o diretor?
VERBINSKI -
Não, o Jerry é tão conhecido porque é um produtor único hoje em dia, como os que existiam há 30 anos. E gosta mais de aparecer do que eu.

FOLHA - Mas o filme é seu ou dele?
VERBINSKI -
Claro que é meu, mas não poderia ter feito sem ele. Ele é muito bom para botar as pessoas num projeto, mas não interfere no trabalho.

FOLHA - Você tem só oito filmes no currículo, incluindo os "Piratas" e "O Chamado", outro grande sucesso. Você tem faro para blockbusters?
VERBINSKI -
Imagine! Ninguém viu "O Sol de Cada Manhã".

FOLHA - Por que fez poucos filmes?
VERBINSKI -
Eu me envolvo muito. Não conseguiria supervisionar a pré-produção de dois filmes ao mesmo tempo ou começar outra enquanto faço uma pós-produção. E só me comprometo com um projeto quando acredito nele.

FOLHA - A produção sofreu muito nas locações deste filme?
VERBINSKI -
Gosto de escolher locações. Mas nem sempre há hotel para todo mundo. Em Dominica, ficamos na casa de pescadores. O que foi maravilhoso. No fim do dia eles diziam qual era o melhor peixe que tinham pescado e pedíamos a eles que fizessem um prato típico.

FOLHA - Depp e Keith Richards ficaram em casa de pescadores?
VERBINSKI -
Não, não dá para fazer isso com os atores, eles precisam de mais atenção, digamos [risos]. Mas sempre fico com a equipe. Não sou uma estrela de cinema, sou um trabalhador como outro qualquer.

FOLHA - Quais foram os momentos mais problemáticos?
VERBINSKI -
Tivemos que evacuar uma locação nas Bahamas por causa de um furacão no segundo filme. Neste, o governo das Bahamas fez um acordo com a Disney para construir um tanque. Quando chegamos, nem tinham começado a construção. Demorou seis semanas.

FOLHA - E o Keith Richards?
VERBINSKI -
Não chegou a ser um problema, mas ele não se comportou nada bem. A gente esperava por isso, mas não sabia que era tão dispersivo. Ele nunca pára. A gente ensaiava, e, quando eu dizia: "Ação", ele estava num lugar diferente, brincando com o macaco ou cheirando uma planta exótica. Ele é um pirata de verdade. Todos os atores fingiam, ele não.

FOLHA - Como assim, não se comportou nada bem?
VERBINSKI -
Não quero ser específico, mas fez jus à imagem que tem. Use a imaginação [risos].


Leia a íntegra da entrevista www.folha.com.br/071431


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