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A volta dos mortos-vivos
Maior estréia da Disney no país, "Piratas do Caribe - No Fim do Mundo", terceiro filme da série, disputará com blockbusters como "Homem-Aranha 3"; para diretor, concorrência só faz lembrar "como é gostoso ir ao cinema"
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LOS
ANGELES
Amanhã, o diretor Gore Verbinski, os roteiristas Ted Elliott
e Terry Rosario e seus ajudantes têm um encontro no restaurante Mr. Chow, em Beverly
Hills. Depois, irão de cinema
em cinema conferir a bilheteria
de "Piratas do Caribe - No Fim
do Mundo". "É uma tradição",
disse à Folha o produtor Jerry
Bruckheimer, o homem que
deve pagar a conta desse jantar.
A cada meia hora, um assistente deve ligar para seu celular dando os números de ingressos vendidos nos mais de
50 países em que "Piratas do
Caribe 3" entra em cartaz. Serão 769 salas só no Brasil (de
um total de 2.000), a maior estréia da Disney aqui, com 679
cópias. "Homem-Aranha 3" vai
manter suas 700 cópias em
cartaz, ainda não definindo o
número exato de salas.
No final do segundo filme,
Jack Sparrow (Johnny Depp) é
engolido pelo mar, sugado por
um monstro. Enquanto isso, o
capitão Barbossa (Geoffrey
Rush), morto no primeiro filme, volta aos vivos. O outro lado do mundo é como um purgatório. Seus habitantes vivem
sob a água e, com o tempo, viram parte do navio de Davy Jones. Antes de Barbossa, ninguém havia voltado de lá.
O primeiro filme rendeu
US$ 650 milhões. A Disney e
Bruckheimer decidiram fazer
continuações -duas ao mesmo
tempo, pois seria difícil juntar
o elenco duas vezes em dois
anos. O segundo, com US$ 1,1
bilhão, quebrou recordes de bilheteria (esses que "Homem-Aranha 3" bate agora) -o concorrente foi "Super-Homem -O
Retorno", que decepcionou.
A guerra neste ano começou
com "Homem-Aranha 3", mas
há ainda "Shrek 3", "Duro de
Matar 4", "Treze Homens e
Mais um Segredo". Verbinski, o
diretor, diz não se sentir ameaçado. "Filmes bons fazem o público lembrar como é gostoso ir
ao cinema", disse à Folha, em
Los Angeles, na semana passada. Veja trechos a seguir:
FOLHA - Foi anunciado que este é o
último filme da série. Mas o final dá
a entender que a história continua...
GORE VERBINSKI - Não tem ninguém trabalhando em um próximo projeto. A possibilidade
pode existir na imaginação do
público, mas a idéia sempre foi
encerrar a trilogia agora.
FOLHA - E se houver mais seqüências? Você dirigiria a próxima?
VERBINSKI - Depende, Jerry
Bruckheimer pode ser muito
persuasivo quando quer algo.
Mas não será o meu próximo
filme, com certeza. Nem vou
mergulhar num próximo projeto tão cedo. Foram cinco anos
de "Piratas", preciso de férias.
FOLHA - Por falar nele, incomoda o
fato de o mundo inteiro associar o
filme a Depp e a Bruckheimer e poucos lembrarem que você é o diretor?
VERBINSKI - Não, o Jerry é tão
conhecido porque é um produtor único hoje em dia, como os
que existiam há 30 anos. E gosta mais de aparecer do que eu.
FOLHA - Mas o filme é seu ou dele?
VERBINSKI - Claro que é meu,
mas não poderia ter feito sem
ele. Ele é muito bom para botar
as pessoas num projeto, mas
não interfere no trabalho.
FOLHA - Você tem só oito filmes no
currículo, incluindo os "Piratas" e "O
Chamado", outro grande sucesso.
Você tem faro para blockbusters?
VERBINSKI - Imagine! Ninguém
viu "O Sol de Cada Manhã".
FOLHA - Por que fez poucos filmes?
VERBINSKI - Eu me envolvo
muito. Não conseguiria supervisionar a pré-produção de dois
filmes ao mesmo tempo ou começar outra enquanto faço
uma pós-produção. E só me
comprometo com um projeto
quando acredito nele.
FOLHA - A produção sofreu muito
nas locações deste filme?
VERBINSKI - Gosto de escolher
locações. Mas nem sempre há
hotel para todo mundo. Em Dominica, ficamos na casa de pescadores. O que foi maravilhoso.
No fim do dia eles diziam qual
era o melhor peixe que tinham
pescado e pedíamos a eles que
fizessem um prato típico.
FOLHA - Depp e Keith Richards ficaram em casa de pescadores?
VERBINSKI - Não, não dá para fazer isso com os atores, eles precisam de mais atenção, digamos [risos]. Mas sempre fico
com a equipe. Não sou uma estrela de cinema, sou um trabalhador como outro qualquer.
FOLHA - Quais foram os momentos
mais problemáticos?
VERBINSKI - Tivemos que evacuar uma locação nas Bahamas
por causa de um furacão no segundo filme. Neste, o governo
das Bahamas fez um acordo
com a Disney para construir
um tanque. Quando chegamos,
nem tinham começado a construção. Demorou seis semanas.
FOLHA - E o Keith Richards?
VERBINSKI - Não chegou a ser
um problema, mas ele não se
comportou nada bem. A gente
esperava por isso, mas não sabia que era tão dispersivo. Ele
nunca pára. A gente ensaiava, e,
quando eu dizia: "Ação", ele estava num lugar diferente, brincando com o macaco ou cheirando uma planta exótica. Ele é
um pirata de verdade. Todos os
atores fingiam, ele não.
FOLHA - Como assim, não se comportou nada bem?
VERBINSKI - Não quero ser específico, mas fez jus à imagem que
tem. Use a imaginação [risos].
Leia a íntegra da entrevista www.folha.com.br/071431
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