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Livros
Crítico literário notifica editora em caso de plágio
Nova Cultural publicou tradução de Luiz Costa Lima atribuindo a outra pessoa
Versão de "O Vermelho e o Negro", de Stendhal, foi publicada pela editora Brughera em 1969 e reeditada em 2002
DA REPORTAGEM LOCAL
O crítico Luiz Costa Lima está notificando extrajudicialmente a editora Nova Cultural
pelo plágio de uma tradução de
"O Vermelho e o Negro", clássico de Stendhal. A sua tradução,
publicada pela ed. Brughera em
1969, foi reeditada pela Nova
Cultural, que atribuiu a tradução a Maria Cristina F. da Silva.
Este é um dos 22 títulos da coleção "Obras-Primas", lançados entre 1995 e 2002, com
confirmação ou suspeita de
plágio.
Dois casos de plágio em tradução da Nova Cultural haviam
sido noticiados pela Folha em
15 de dezembro de 2007, inclusive de uma tradução de Mario
Quintana, que também teve o
nome omitido. Em seguida, um
grupo de tradutores reunidos
no blog http://assinado-tradutores.blogspot.com apontou mais 20 títulos com plágio
na coleção "Obras-Primas" e
organizou um abaixo-assinado
de mais de 300 especialistas.
Segundo Marco Túlio de
Barros e Castro, advogado da
Weikersheimer & Castro, escritório carioca que representa
Costa Lima, a notificação extrajudicial visa a suspensão da
comercialização e distribuição
das edições de 1995 e 2002 de
"O Vermelho e o Negro", o pagamento de indenização e a publicação de uma errata em um
jornal de grande circulação. Segundo ele, os pedidos seguem a
lei 9.610 de 1998 (lei do direito
autoral) e seu artigo 108. Segundo Castro, não havendo
resposta positiva da editora, será ajuizada a ação judicial.
Professor da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro e
da PUC-RJ, Costa Lima é um
dos principais críticos literários do país. "Foi a única tradução que fiz do francês", afirmou. "Fiquei muito surpreso
pela extensão da coisa", disse.
Ele foi alertado do plágio pelo
grupo de tradutores (e é signatário do abaixo-assinado).
O crítico, que é colunista da
Folha, notou que pelo menos
um erro da edição original havia sido reproduzido de maneira idêntica na edição da Nova
Cultural. Erros repetidos são
provas importantes para caracterizar plágios judicialmente,
segundo especialistas.
Outro lado
Procurada pela Folha, a Nova Cultural disse desconhecer
qualquer demanda de Costa Lima. Perguntada se tinha a intenção de divulgar errata, destruir exemplares não-comercializados ou conceder indenização, a editora se limitou a
afirmar que "dedicará a melhor
atenção ao caso visando a solução de quaisquer problemas
que possam ter ocorrido".
A coleção "Obras-Primas",
vendida de início em bancas de
jornal, está à venda no site
www.novacultural.com.br.
Neste ano, após as denúncias,
os 22 títulos apontados como
plágio deixaram de ser vendidos pela internet, incluindo "O
Vermelho e o Negro".
A editora L&PM, que editou
dois títulos desta coleção após
negociar os direitos de publicação em 2003, já acionou judicialmente a Nova Cultural,
conforme a Folha noticiou no
último dia 10. Não é o único caso de plágio apontado no mercado editorial recentemente. A
Martin Claret também tem livros com plágio em tradução,
como a Folha noticiou no fim
de 2007.
(MARCOS STRECKER)
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