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DVDs
"Rastros de Ódio", de John Ford, é
o próximo DVD da Coleção Folha
Protagonizado por John Wayne, filme é considerado obra-prima de Ford
DA REPORTAGEM LOCAL
John Ford era famoso por
seu mau humor e extrema objetividade (para não dizer secura)
na hora de dar entrevistas. Recusava o rótulo de grande artista e definia-se assim: "Meu nome é John Ford e faço westerns". Mas é difícil negar que
tenha sido um dos artistas mais
influentes do século passado,
afinal seus filmes correram o
mundo e ajudaram a criar toda
uma mitologia da América.
Próximo volume da Coleção
Folha Clássicos do Cinema
(nas bancas em 31/5), "Rastros
de Ódio", de 1956, é considerado o melhor filme de Ford. Isolado, o filme se sustenta perfeitamente como obra-prima,
mas ganha sentido especial à
luz da evolução de sua parceria
com John Wayne, o mais constante ator de seus westerns.
Como bem observa Martin
Scorsese em seu documentário
sobre cinema americano
("Uma Viagem Pessoal pelo Cinema Americano"), o western
atinge uma complexidade ímpar em "Rastros de Ódio" graças, em grande parte, à riqueza
do personagem de Wayne,
Ethan Hunt.
O filme se passa no Texas, em
1868. Quando começa, Hunt
volta à casa do irmão Aaron
(Walter Coy). Sabemos que ele
foi lutar na Guerra da Secessão,
mas ele só reaparece três anos
depois do fim da guerra, e não
fica claro por onde andou. Hunt
volta amargo e racista como
nunca. Odeia os índios a ponto
de rejeitar frontalmente Martin Pawley (Jeffrey Hunter), jovem mestiço que protegeu
quando criança e entregou para
seu irmão criar como um filho.
Depois que um grupo comanche mata seu irmão e sua
nora e rapta as sobrinhas Lucy
e Debbie, Ethan se junta a Martin para uma busca que vai durar cerca de sete anos.
A tradição narrativa do cinema americano e a grande capacidade de composição visual de
Ford unem-se à perfeição neste
filme. No livro que acompanha
o DVD neste volume da coleção, há trechos da rica fortuna
crítica em torno de John Ford,
além de ensaio do crítico da Folha Inácio Araujo.
Como observa Araujo, "Rastros de Ódio" começa com uma
porta que se abre e termina
com a mesma porta se fechando -entre esses dois momentos, acompanhamos a aventura
de um anti-herói. "Mas podemos tentar ver as coisas por outro ângulo: a porta que se abre,
no início, ou que se fecha, no final, são objetos por onde a luz
passa ou não, dividindo a tela
em vastas regiões de claridade e
sombra. (...) No final, o fechamento da porta nos lembra de
que a grande epopeia acabou. A
tristeza fica para nós, espectadores (único consolo: poder
voltar a ver o filme)".
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